Resenhas

Poliça – Give You The Ghost

Duas baterias, um baixo e um vocal com Auto Tune: Dessa mistura surge um som experimental com muito de música eletrônica, mas sem perder de vista o elemento orgânico, nos fazendo repensar as críticas sobre efeitos computadorizados

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Ano: 2012
Selo: Totally Gross National Product
# Faixas: 11
Estilos: Indie Pop, Eletrônico, Experimental
Duração: 45:35
Nota: 3.5
Produção: Ryan Olson
Livraria Cultura: 29691519

Mesmo na música Indie, sempre aberta a novidades, o Auto Tune ainda é visto com maus olhos. Ainda que artistas como Sufjan Stevens e Bon Iver tenham lançado ótimos trabalhos com esse elemento no som, a prática de alterar sua voz ainda não parece muito atrativa para muita gente. Vindo nessa contra mão, Poliça traz o vocal de Channy Leaneagh processado por esses tão odiados e temidos aparelhos. Se você é um desses militantes contra o Auto Tune, esse disco pode mudar um pouco essa opinião.

Algo que está em moda, mas poucos conseguem fazer bem, é o hibridismo, a fusão de gêneros que até então estavam separados. Claro que com tanta oferta de música assim, nem tudo é bom. É ai que o Give You the Ghost, debut da banda, entra em cena. Misturando muito bem o R&B com batidas eletrônicas, e ainda um pouco de Rock, o resultado consegue ser surpreendente.

Pode parecer uma bagunça, mas não é. A dosagem perfeita de cada estilo consegue criar um clima amistoso e, às vezes, espectral na música do quarteto. Com batidas criadas pelos dois percussionistas, grooves de baixo amenos e, é claro, a harmonia criada pelos elementos eletrônicos, a música tem ao mesmo tempo uma cara orgânica e sintética. Dessa dualidade incrível nasce o encanto pelo som da banda.

Grande parte do bom resultado desse disco é exatamente passear por tantos terrenos. O baixo marcante de Form consegue unir a Salsa a um Post-Dubstep meio manco, sempre marcado pelas batidas intensas conduzidas pelas duas baterias. Ainda nesse experimentalismo, Dark Star conta com um saxofone para criar um clima mais orgânico, enquanto Violent Games ganha um clima pesado e intenso, no qual a voz processada de Leaneagh ganha reverberações e loops que a engrandecem e lhe dão uma vibe dark.

O mais importante nesse disco não é o uso do Auto Tune, mas como ele é usado. Assim como uma distorção de guitarra bem feita, o uso do Auto Tune pode engrandecer a música, que é o que esse álbum faz.

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BOM PARA QUEM OUVE: Ellie Goulding, Memoryhouse, Grimes
ARTISTA: Poliça

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts