Resenhas

Medicine – To the Happy Few

Depois de 18 anos sem produzir, trio norte-americano que é ao lado de My Bloody Valentine um dos pilares do Shoegaze, está de volta com um disco surpreendentemente moderno

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Ano: 2013
Selo: Captured Tracks
# Faixas: 10
Estilos: Shoegaze, Dream Pop, Noise Pop
Duração: 41:30
Nota: 4.0
SoundCloud: /tracks/95566522
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fto-the-happy-few%2Fi

2013 foi um bom anos para os shoegazers, não só pela espetacular volta de My Bloody Valentine depois de 22 anos de hiato, mas também por novidades do estilo com Weekend, Tripwires, The History of Apple Pie e outros nomes que mantiveram sua chama acesa. No que parece ser o meio termo entre a “nova” sonoridade do Shoegaze e o mais arcaico dentro do estilo, um dos pilares do gênero, Medicine, retorna também, depois de 18 anos sem produzir, com uma proposta diferente e bem atual em seu To the Happy Few.

É interessante observar como dois supergrupos dentro de um mesmo gênero reagem a quase 20 anos fora dos estúdios. Se por um lado o quarteto inglês liderado por Kevin Shields manteve quase inalterada sua fórmula de sucesso, o trio norte-americano se reinventou de diversas maneiras em seu novo álbum.

Passeando entre uma série de tendências, que vão do Noise ao Dream Pop, o grupo soma uma grande diversidade de estilos ao que já fazia na década de 90 e inevitavelmente consegue trazer maior frescor ao seu trabalho – e o que mostra que por mais que não estivesse produzindo, nessas quase duas décadas, estava ligada no cenário musical. O problema é que, ao tentar soar jovial, o grupo se lança em direções às vezes dispares demais, perdendo um pouco da conexão e coesão entre as faixas – porém nada que prejudique o resultado final.

Essas tendências se provam como um grande atrativo Pop e aparecem de diversas maneiras ao decorrer das dez faixas. Elas se mostram com uma festa de guitarras eufóricas e enérgicas em It’s Not Enough, Burn It, Holy Crimes e Daylight, descompassadas e experimentais na psicodélica Butterfly’s Out Tonight e bem próximas ao teor sonhador do Dream Pop em Long As The Sun, The End Of The Line e All You Need To Know. Um verdadeiro caleidoscópio Pop e colorido, que é guiado pelo ótimo vocal de Beth Thompson, as potentes guitarras de Brad Laner e a pulsante bateria de John Goodall.

Pois é, mesmo depois de muito tempo, Laner, Thompson e Goodall continuam afiados ao trazer o Shoegaze a um ambiente menos denso e introspectivo. E ao criar uma vertente mais “fácil” e moderna do estilo – em que melodia e dissonância se encontram de maneira mais amistosa –, a tríade acaba por criar também um disco surpreendente e imprevisível. E, por mais que não tenha sido tão comemorado quando a volta do quarteto inglês, esse é um disco que merece tanto destaque quanto.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts