Resenhas

Kurt Vile – Smoke Ring For My Halo

Uma das grandes surpresas do ano, Vile entrega um trabalho superior a tudo o que já havia feito e consegue trazer um pouco de Rock, Folk e Lo-Fi flertando com um leve psicodelismo

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Ano: 2011
Selo: Matador
# Faixas: 10
Estilos: Singer/Songwriter, Lo-Fi
Duração: 46:50
Nota: 4.0
Produção: Jonh Agnello

Fim de ano. Somos inundados de listas de melhores álbuns disso, melhores discos daquilo e, no fim das contas, os discos acabam quase sempre sendo os mesmos, só mudando de ordem. Mas não estamos aqui pra falar disso. É que um dos nomes que mais apareceram nas listas foi Kurt Vile, até então desconhecido – pelo menos pra mim. Foi uma grande surpresa ouvir seu disco – e isso não foi só comigo.

Smoke Ring For My Halo já é o quarto álbum de Vile, que em um período de quatro anos lançou quatro obras, e de forma alguma ainda podemos considera-lo um músico iniciante. Seus dois primeiros trabalhos, Constant Hitmaker (2008) e God Is Saying This To You (2009), foram gravados de uma forma totalmente artesanal em seu próprio quarto, em um clima de experimentalismo muito grande. O disco que fez Vile ser reconhecido pelo puúblico foi Childish Prodigy, também de 2009, mas dessa vez gravado pela Matador Records.

A experiência de ouvir o Smoke Ring For My Halo foi bem intensa e profunda. O som de Kurt nesse disco caminha entre o Lo-Fi, o Psicodélico e o Rock, tudo isso de uma forma muito natural. A música desse americano ganhou o a tag “Bedroom Pop”, dividindo-a com nomes como Native America e White Whishes. Poderíamos dizer que esse novo gênero é a versão Rock and Roll da Chillwave.

Um encontro do Lo-Fi com o Rock clássico traz nuances variadas de Kurt, e isso se reflete muito nas letras. Para cada “I wanna write my whole life down/burn it there to the ground” (On TourRunner Ups). Empunhando sua guitarra em grande parte das músicas, Vile mostra seu Folk Urbano com um instrumental trabalhado e muito bem ponderado, cantando sempre com uma voz baixa que faz parecer uma conversa com os ouvintes.

Baby’s Arms abre o disco e logo de cara encanta com seu violão e sua aura Lo-Fi, um clima romântico e lembrando Elliott Smith, e logo surge Jesus Fever, uma música que mergulha no Pop e estraga toda a aura que a primeira canção cria. A partir disso, já imaginei que seria assim o restante do álbum, com canções que bebem de mais do pop e caem no mais do mesmo. Engano meu, pois em Puppet To The Man e Society Is My Friend, Kurt mostra seu lado crítico.

In My Time e Peeping Tomboy tem suas melodias muito gostosas e guiadas só pelos violões, mostrando um lado mais próximo do Folk e do Lo-Fi. A música que dá nome ao álbum consegue resumir toda a vibe do disco, com violão e guitarra brigando por espaço um com o outro e a voz melancólica de Kurt.

Começando com uma música sensacional e já caindo pra uma totalmente pop, havia pensado que seria só mais um disco pop que foi pra lista, mas aí residida meu engano. Smoke Ring For My Halo é um disco completo e que realmente merece destaque, podendo figurar entre os melhores do ano facilmente. Minha única queixa é não ter conhecido e ter ouvido falar dele antes.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts