Resenhas

Washed Out – Paracosm

Bonito e atmosférico, segundo disco do grupo é uma viagem sonora perfeita para se esquecer da vida e de tudo. Coloque seu melhor fone de ouvido e deixe-se levar.

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Ano: 2013
Selo: Sub Pop, Weird World
# Faixas: 9
Estilos: Chillwave, Dream Pop, Lo-Fi
Duração: 40:43
Nota: 4.5
Produção: Ben H. Allen, Ernest Greene

O que é o bem-estar para você? Curtir a natureza, dormir profundamente, ir no cinema, andar de skate, correr ao ar livre ou escutar música? Talvez não seja uma atividade mas sim um sentimento, como se sentir querido, ter a mente vazia de pensamentos, encontrar a paz. Algo tão pessoal quanto o seu gosto musical, a sensação de se estar feliz é individual, pessoal e intransferível. Quantas vezes você não disse pra si: “não troco isso por nada no mundo”? Toda essa comunhão de sensações pode ser traduzida em nove músicas no incrível Paracosm.

Sucessor do já impressionante Within and Without o multi instrumentista Ernest Greene conseguiu em poucas faixas transpor este sentimento tão difícil de se alcançar. Para os que desconhecem o Washed Out saiba que os rótulos que encabeçam este projeto são Chillwave, Dream Pop e Lo-Fi e sendo basicamente tudo isso: um Pop sonhador dentro de uma onda de tranquilidade sonora de baixa frequência.

Alguns minutos na abertura de Entrance já denunciam qual o ambiente em que seremos introduzidos com suas notas delicadas no sintetizador misturadas à som de pássaros e da natureza. A transição te coloca em contado direto com uma praia ensolarada a beira de uma floresta tropical, algo que certamente você encontra na Bahia, por exemplo. It All Feels Rights se mistura em toques praianos com a voz sonhadora de Ernest Greene e linhas de sintéticas de puro êxtase.

É impossível não abrir um sorriso e se deixar perder ao longo de todo a obra. Coeso do começo ao fim com propósito de levar o ouvinte a outro lugar bem longe daqui, ´Paracosm é a perfeita obra para o escapismo urbano e contraposição da melancolia sentimental. Don’t Give Up é um sopro de sinceridade que aparece de repente na sua vida. Toda a sua construção é coincidente com os dizeres de seu título “não desista”, enquanto o seu refrão ”even though that we’re far apart /We’ve come so close and it feels so right/Don’t give up”é o tipo de conselho que gostaríamos de escutar quando um relacionamento termina. A verdade é que a música flui tão bem que qualquer tristeza relacionada já foi esquecida ao seu término.

Cada momento dentro do disco é realmente único com uma atmosfera interessante e que pode ser projetada das mais diversas formas. Feche os olhos e pense no te deixa feliz ao escutar All I Know. É capaz que você entre em um transe sonoro , só se dando conta de que não está mais desperto quando a levada letárgica de Weightless se iniciar. Faixa chave dentro do disco, tem uma progressão impressionante e é de ser perder o filtro em relação a qualquer sentimento, deixando-se levar somente pela canção.

O mérito do álbum está relacionado com sua abordagem expansiva do som. Não estamos procurando a felicidade sozinhos mas sim com os outros, e mesmo dentro de um gênero introspectivo como Dream Pop, sentimos ao fim que queremos escutar e compartilhar esta música com os demais. O belo coincide com o feliz e não importa como sua vida está neste momento, nos próximos 40 minutos ela estará tranquila. Como explicar faixas tão bonitas como Great Escape ou Paracosm? A segunda com um dedilhar de guitarra tão espirituoso que tira concentração do ouvinte, deixando-o perplexo com a precisão de tal momento.

Sem parecer cliché ou viajado demais, a verdade é que o que temos aqui é um disco para não ser muito discutido, argumentado mas somente sentido. Falling Back é emocionante e parece abraçar o ouvinte em uma chuva de sintetizadores e baterias eletrônicas. Ao final, palmas e a retomada dos sons natureza enganam a ponto de acharmos que Paracosm acabou. No entanto, e de forma extremamente propícia, All Over Now aparece para nos aproximarmos do fim. Demonstrando que no término também existe beleza, e o início de algo totalmente novo, a faixa é o segredo para a tranquilidade e casa perfeitamente com um Pôr-do-sol feliz.

Com uma das melhores atmosferas vistas em obras neste ano, e conseguindo traduzir um sentimento tão complicado quanto a paz interior, Paracosm é a sua dose de terapia musical diária. Não chega a ser tão inovador mas é extremamente bonito e sincero, e muda um pouco a direção de sentimentos na obra do Washed Out .É feito para que cada pessoa imagine da sua forma o que é felicidade e tranquilidade. Ou melhor, não pense em mais nada e sinta tudo isso neste belíssimo disco.

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BOM PARA QUEM OUVE: Alt-J, The xx, Toro y Moi
ARTISTA: Washed Out

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.