Resenhas

White Lies – Big TV

Trio londrino se arrisca em sua primeira obra conceitual e consegue com isso maior dinamismo e variedade para suas letras e sonoridades

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Ano: 2013
Selo: Fiction
# Faixas: 12
Estilos: Post-Punk Revival, Synthpop
Duração: 45:10
Nota: 4.0
Produção: Ed Buller
SoundCloud: /tracks/97436055
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fbig-tv%2Fid654995530

Pela primeira vez o trio White Lies se lança em uma produção temática, o que não seria nenhum exagero chamar de conceitual, e o que pode ser visto amplamente nesta nova fase lírica da tríade. Mas se em Big TV a lírica está definitivamente mais pomposa, a musicalidade segue um caminho mais simples, ajudado pela produção de Ed Buller, que também trabalhou com os londrinos em To Loose My Life… (2009).

Se liricamente o disco explora novos territórios, sonoramente este álbum é mais um bom exemplar de um genuíno “White Lies”. Mais uma vez amplamente influenciado pelos anos 80, o grupo traz à sua nova obra tendências do Post-Punk e Synthpop aos montes e ambienta sua trama, ou melhor conta sua história, parecendo inserir seus personagens na época em que este som que resgatam ainda era vigente como algo novo. É claro que o tom quase teatral e profundamente dramático (quase cinematográfico) de sempre também continua presente e até potencializa o tom narrativo desta obra.

Por mais que diversas reclamações quanto à falta “novidade” que o grupo aplica à suas referências possam existir, o trio consegue trazer muito do que ficou “inutilizado” há mais de 30 anos ao presente como um embasamento, como uma ótima fundação para aquilo que ele tem a nos dizer hoje. E uma verdade tem que ser dita, mesmo referenciando o passado, esse disco não poderia ser feito em outra época que não o presente. Só quem teve tempo o suficiente para digerir atos da época (como Joy Division, Simple Minds, Tears for Fears e New Order só para citar algumas) conseguiria produzir algo tão refinado como o que foi visto durante a curta carreira do trio.

Através de uma variedade de sintetizadores, densas paredes de Noise e alguns teclados com timbres variados, a tríade cria o fundo para contar a história de um casal que sai de uma provinciana cidade Europeia para um grande centro urbano e lá tem que enfrentar não só suas próprias mudanças, mas também as de seu relacionamento. Desde a abertura, com a faixa-título, até o encerramento em Goldmine, cada faixa conta, “em capítulos”, os desdobramentos desse conflito e a dificuldade das mudanças, muito bem representada em Changes (uma das faixas mais belas já criadas pelo grupo).

Incrivelmente mais melódico que seus antecessores, Big TV apresenta também maior variedade sonora. Be Your Man, por exemplo, traz diversos timbres de sintetizador se encontrando com as guitarras serenas e uma bateria pulsante, enquanto Tricky of Love apresenta algo mais próximo do Pop oitentista, First Time Caller algo mais roqueiro dentro desta mesma proposta e dois belos interlúdios (Space I e Space II) para criar um bom inicio para suas respectivas sequências. Chage é a faixa que mais se destaca e é também a mais diferente de todo o restante, se apresentando quase como uma atmosférica balada de Post-Rock (se é que isso existe).

Mas como em time que está ganhando não se mexe, há aquelas músicas que se aproveitam de fórmulas amplamente testadas pela banda (There Goes Our Love Again e Mother Tongue). Certamente elas farão sucesso em shows e festivais, mas acabam caindo em um lugar comum dentro da proposta deste álbum.

No fim das contas, assumir o risco de um álbum conceitual foi muito bom para o trio que conseguiu provar de vez sua qualidade como bons letristas e como bons músicos em geral. Instrumentalmente Big TV também é impecável e consegue exercitar muito bem a musicalidade outra época, a trazendo ao presente reconstruída e com novo fôlego.

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BOM PARA QUEM OUVE: Editors, Joy Division, Interpol
ARTISTA: White Lies

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts