Se você não acreditou quando Phillip Nutt comentou que seu segundo álbum não era necessariamente um trabalho Folk, devo dizer que o cara é digno de confiança – isso sem contar na moral que ele ganhou por ter não só feito um trabalho bacana como músico, mas por ter topado (e sido bem sucedido) na tarefa de comandar a produção de To Whom It May Concern.
Para isso, ele contou inteiramente com o apoio de uma ótima banda, o que já é uma novidade muito grande perto do trabalho voz e violão que ele fez em From Heart (2011). Entre os estilos presentes no disco, existe uma influência desde música latina até o lado mais Pop do Jazz, aquele dos grandes cantores. Falando nisso, se tem algo que não mudou neste lançamento é o marcante vocal do garoto, hoje aos 20 anos.
Señorita Gonzalez abre com bom humor e latinidade o álbum, logo dando espaço a Only 16, que já era tocada em shows há um tempo. É aí que Losing You entra em ação. Com grande potencial de hit, é a mais Pop do disco – no melhor sentido da palavra. Sabe aquelas músicas que você gosta logo de cara e vai cantar o refrão por horas, talvez dias?
Romântico, ele continua brincando com sonoridades para ilustrar suas letras de amor, como em Moribund e Meet Me Tomorrow. Os saudosos de From Heart vão gostar da pegada acústica com violino de Crossing the Threshold e quem sentiu falta de um apelo Folk de fato será saciado com a caipirice de If You See Her.
E se até agora você ainda não teve vontade de ouvir To Whom It May Concern, fica este detalhe: Suas três melhores músicas foram sacanamente colocadas ao fim, forçando disfarçadamente o ouvinte a um repeat inevitável. Tá certo, a sorte é nossa. Suspicious começa a tríade com o pé atrás em uma interpretação com vocal aberto e instrumentos introspectivos, o que cria uma tensão bem interessante.
Daí vem Bugaboo, a segunda faixa acústica da obra, com uma beleza impossível de não ser notada e Perfume to My Ears encerra o álbum de maneira melancólica e grandiosa, com uma forte e surpreendente presença da banda. É de se impressionar.
A pluralidade entre as músicas não incomoda em nenhum momento, mas dificulta uma certa identidade sonora marcante do álbum, algo que o primeiro tem de sobra, o que pode dar uma audição agradável para alguns que não se recordarão com frequência a retornar ao disco. Mas o que fica é a alta qualidade das composições e o carismático vocal de Phillip – além de uma obra que fica ainda melhor ao vivo.