Resenhas

Candy Claws – Ceres & Calypso in the Deep Time

Viagem psicodélica no meio da floresta é a inspiração para esta banda sedenta por lisergia neste bom disco de Dream Pop

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Ano: 2013
Selo: Two Syllable Records
# Faixas: 12
Estilos: Dream Pop
Duração: 40:00
Nota: 3.5
Produção: Ryan Hover

Preste bastante atenção na capa de Ceres & Calypso in the Deep Time. Uma menina perdida no meio da floresta, Calypso, parece hipnotizada com uma imagem oculta. Ao seu lado, uma criatura semelhante a uma foca, branca como a neve parece lhe fazer companhia em uma aventura prestes a começar. Viajante do começo ao fim e como uma intensidade muitas vezes que confunde o tom do sonho deste Dream Pop, o Candy Claws nos fornece a oportunidade de nos envolvermos de forma profunda com a sua música.

Coincidentemente, a grande atmosfera que permeia o disco é a de uma floresta densa, cheia de animais e lisérgica. Uma mistura de diversas inspirações literárias ou cinematográficas pode ser percebida com uma leve abstração. Alice no País das Maravilhas, no momento que adentra a toca do coelho e chega a outro mundo poderia ser representada por White Seal(Shell & Spine). No entanto, os toques floridos acabam nos remetendo a uma floresta tropical e menos temperada que a vista nos diversos filmes inspirados na obra.

As vozes de Kay e Karen conseguem demonstrar tanto a intensidade de um sonho como de um pesadelo. Feel in Love (At the Water) nos faz confundir os sentimentos do amor em uma faixa que alterna entre tons dançantes e momentos de pura ansiedade, extremamente claustrofóbicos. Esta bipolaridade na psicodelia vista aqui pode tanto assustar como apaixonar o ouvinte. Pangea Girls é excelente, e deve cativar os fãs de Beach House enquanto Charade parece mais as brisas erradas que vimos em alguns momentos do MGMT.

Sem se preocupar com tanto com o Pop do Dream, vemos aqui um grande exemplo do pluralismo da psicodelia. O gênero aqui transita entre situações em que a letargia é inerente e agradável em estágios, que não sabemos se as sensações passadas são boas ou não. A verdade é que o disco aqui se propõe a ser uma verdadeira viagem lisérgica, semelhante ao uso de drogas psicoativas. Como reagir a Fallen a Tree Bridge sem a dança nesta viajante Surf Music ou a introspecção em Birth of the Flower?

Bonito e intenso, Ceres & Calypso é uma alternativa dentro do Dream Pop contemporâneo. No entanto, se prepare para não entender todos os momentos ou digerir logo na primeira audição. O exercício aqui é de constante abstração e compreensão da natureza como a obra se propõe. Passando de Alice até as festas nas florestas vistas em Senhor dos Anéis, todo o ambiente aqui é propicio para a curtição com belas paisagens ao seu redor e de preferência longe da sobriedade psicológica. Só vá preparado para não se confundir no meio do caminho e achar que aquele belo sonho se transformou num grande pesadelo. O gato de Alice, malandro e sedento por tentar os outros, deve ser a figura que vem a sua cabeça quando se escuta o Candy Claws.

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BOM PARA QUEM OUVE: Pinkunoizu, Beach House, Washed Out
ARTISTA: Candy Claws
MARCADORES: Dream Pop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.