Resenhas

Neko Case – The Worse Things Get, The Harder I Fight, The Harder I Fight, The More I Love You

Sexto disco da cantora é destaque por apresentar detalhes e sutilezas ímpares espalhados por estas doze canções

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Ano: 2013
Selo: Anti
# Faixas: 12
Estilos: Americana
Duração: 38:20
Nota: 4.0
Produção: Tucker Martine

Em um determinado momento da audição do novo disco da cantora canadense Neko Case, precisamente no início de Where Did I Leave That Fire, penúltima faixa, temos o ruído de um sonar de submarino, que vai se mesclando ao esparso instrumental, que pontua a voz fantasmagórica, mas quente, de Neko, que pronunciará versos e palavras para desaguar numa controlada explosão instrumental que dará o ritmo da canção.

The Worse Things Get, The Harder I Fight, The Harder I Fight, The More I Love You é o sexto disco da carreira de Neko Case. Aos 43 anos, ela se divide entre seus álbuns e a participação no simpático The New Pornographers, banda de Power Pop tradicional, formada por mais canadenses “powerpopsters” como A.C Newman, Dan Bejar, John Collins, entre outros. Ao todo, Neko já gravou 11 álbuns e, a cada entrega, mostra-se mais e mais relevante. Seu canto e sua visão da música oscilam entre as cantoras clássicas de Urban Country como Patsy Cline e as cantoras inglesas de Soul, como Dusty Springfield ou Sandy Denny, alternando confiança e vulnerabilidade.

Vivendo numa fazenda situada no estado americano de Vermont, próximo à fronteira com o Canadá, Case aparece na capa do novo trabalho enfrentando um trio de serpentes mas The Worse Things… não é um disco raivoso ou ressentido, pelo contrário. É um singelo e aberto feixe de 12 canções como Nearly Midnight, Honolulu, You Are Beautiful And You Are Alone, a bela cover de Afraid (composta por Nico) e I’m From Nowhere, mas também consegue ser inspirador e mais vívido como em “Ragtime” (cheia de metais sessentistas transbordando classe) ou na levada urgente de Man (“I’m a man, that’s what you raised me to be.”).

Neko Case se cercou de um grande time de colaboradores: Tucker Martine, Kelly Hogan, M. Ward, A.C. Newman, Rachel Flotard, Jim James, Howe Gelb e até Steve Turner (do Mudhoney), que participam com gosto, acrecentando visões próprias que, ao invés de confrontar com as abordagens de Neko Case, complementam o painel de sutilezas e belezas que ela aprontou neste novo trabalho. É seu disco mais acessível e Pop, claro, sem significar qualquer enxugamento em seu conteúdo lírico e instrumental, quesitos que recebem cada vez mais atenção por parte de Neko Case. Para ouvir com headphones e encontrar todas as sutilezas e detalhes espalhados ao longo do percurso de doze canções. Vale muito a pena.

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ARTISTA: Neko Case
MARCADORES: Americana, Ouça

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.