Alison e Will vem intimistas e emotivos em Tales of Us, seu sexto álbum sob o nome Goldfrapp, construído com os timbres de violão como base para as composições, deixando os sintetizadores de sempre em um plano mais a fundo.
As músicas foram gravadas no interior da Inglaterra com produção dos próprios músicos e o resultado é um trabalho envolvente e, principalmente, muito bonito. Com um quê onírico, o disco sabe convidar o ouvinte à introspecção com seus sons etéreos e os vocais sinceros de Alison.
Jo introduz a obra surpreendendo o ouvinte com a sensibilidade e a curiosidade se todas as nove faixas seguintes serão assim (e a resposta é sim). O jeito storyteller que ela canta cativa nossa atenção ainda mais e nos faz perceber pequenas nuances ao longo das músicas. São timbres de cordas, piano e, principalmente, o violão sempre presente, como já demonstrava Drew, o primeiro videoclipe mostrado do álbum.
Poderia ser a trilha sonora de algum filme de Spike Jonze ou Michel Gondry, com composições belíssimas como Ulla perfeitas para embalar cenas de introspecção, ou a tensão natural de Alvar acalentada pelo vocal, que poderia facilmente ser encaixada em uma sequência de créditos iniciais ou finais de uma produção de qualquer porte.
Clay e Thea se mostram como as músicas mais fortes, no sentido sonoro, de todo Tales of Us, mas em nenhum momento destoam do todo. Essa coesão é um dos maiores feitos da obra, assim como o nível de pessoalidade – expressado pelo charme do nome das faixas ou por pequenos detalhes, como a respiração em Stranger.
Não é um álbum de se ouvir o tempo todo, mas um trabalho para escutar repetidas vezes sempre que der vontade. Ponto para a dupla.