Resenhas

Factory Floor – Factory Floor

Aguardado disco do trio inglês se mostra uma grande viagem sonora para o som industrial da década 1980, pensado de forma eletrônica e progressiva

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Ano: 2013
Selo: DFA Records / Rough Trade
# Faixas: 10
Estilos: Eletrônico, Acid House, Post-Punk
Duração: 53:00
Nota: 3.5
Produção: Factory Floor

Muitas vezes o nome de uma banda não significa nada além de um mero vocativo, uma escolha que pode significar muitas coisas como nada. Factory Floor se encaixa mais no primeiro perfil, e realmente consegue transmitir a sensação de uma grande utilização do chão de uma fábrica para despejar batidas rápidas, bem construídas em baterias que são tanto reproduzidas sinteticamente como organicamente.

Através de uma mistura de som eletrônico, industrial com pitadas de Acid House, Post-Punk e minalismo, o trio britânico estreia com Factory Floor , um disco que surge após 8 anos de estrada, EPs e remixes de artistas como Joy Division. Progressivo, traz faixas que vão crescendo a medida que novos instrumentos são acrescentados e emulados no computador mas não se engane, o grande pulso da banda vem de sua bateria.

Sempre iniciada em um elemento particular do instrumento- caixa, bumbo ou hi-hats- tem a sua progressão sendo feita cuidadosamente para que o ouvinte pense que realmente o clímax ainda está por vir.Here Again em seus oitos minutos traz sempre está expectativa com seus vocais andrógenos esparsos, ecos eletrônicos e um aumento de batidas por minuto constante. Ao final, tanto crescimento se traduz em um momento de êxtase que mesmo parecendo tão cru e direto, consegue cativar quem o escuta.

Turn It Up segue a mesma toada sendo direta e misteriosa em medidas cuidadosamente niveladas. A ótima percussão se confunde dentro de vocais incertos, enquanto alguns pratos são tocados rapidamente até que uma voz diz “stop”. Tal orquestração deixa o ouvinte ansioso, levando-o a entrar no clima aos poucos. No entanto, desta vez, a surpresa não vem, o que pode acabar decepcionando. Fall Back em contrapartida é tudo aquilo que se propõe, uma faixa feita como se estivéssemos em um festa Post-Punk da década de 80, com uma aura dark e bastante emulada nas baterias eletrônicas daquela época. Sua conclusão é arrebatadora, rápida e estimulante.

Os exercícios instrumentais One, Two e Three são expressões sem tanta relevância, sendo a última faixa um momento minimalista que poderia ter melhor explorado. Two Different Ways talvez seja a melhor faixa do disco, e mostra-se muito bem construída em seus instrumentos sintetizados e uma bateria extremamente marcante. Duro como o concreto, o grupo se propõe a fazer um som que se assemelha a atmosfera de uma fábrica em produção. Aos poucos os funcionários e máquinas vão começando a entrar em atividade, extremamente ordenados mais intrinsecamente diferentes entre si. São este pequenos diversos acréscimos na textura de um som progressivo que ao final culminam em uma grande explosão ou produção, que fazem com o Factory Floor consiga cativar os ouvidos de quem espera uma média de cinco minutos para poder entrar em êxtase.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.