Resenhas

of Montreal – Lousy With Sylvianbriar

Nova empreitada do grupo psicodélico escolhe texturas mais calmas e concentra-se em baladas viajadas sessentistas.

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Ano: 2013
Selo: Polyvinyl
# Faixas: 11
Estilos: Rock Psicodélico
Duração: 46:00
Nota: 3.5
Produção: Kevin Barnes

Em seu quinto disco desde 2007, of Montreal parecia fadado a uma reciclagem sem fim, paliativa, enquanto alcançava os maiores sucessos de sua carreira, chegando até a realizar um concerto no Brasil. Provavelmente, quando se chega ao estrelato, as rédeas se tornam mais curtas, e o espaço para uma recriação sonora mais reduzido. No entanto, Lousy With Sylvianbriar surge como uma revisão sonora rumo ao início da carreira do grupo norte-americano e foge um pouco da megalomania teatral vista em suas recentes obras.

O disco mostra-se uma grata surpresa para quem esperava uma nova epopeia psicodélica condizente com o tamanho desta banda tão prolixa e divertida. Baladas mais Pop surgem ao longo de canções que em sequência podem não fazer tanto sentido no formato de “disco” e que se mostram, na verdade, uma grande coletânea de momentos aleatórios mas com o mesmo espírito.

A escolha por uma gravação em rolos programados de 24 canais mostra-se acertada e traz um toque vintage muito pertinente ao som. A psicodelia do final dos anos 1960 é sentida aqui em letargias calmas e de certa forma inspiradas nos momentos mais Pop do Pink Floyd e dos Beatles, por que não. Fugitive Air é divertida e Kevin Barnes soa menos atacado mas ainda sim viajado. Sendo simples em alguns momentos como na sexy Obsidian Currents ou na interessante balada Colossus, o of Montreal demonstra para outros grupos que gostam de fugir um pouco do tom as vezes, como MGMT, que menos pode ser mais as vezes.

O que talvez incomode mais em um disco tão doce e Folk, é o fato de que as canções muitas vezes pedem progressões que não vem, deixando o climáx sempre em segundo plano em favor de um sequenciamento mais ordenado e lisérgico. Como escolha artística para Lousy, não temos do que reclamar, mas como um todo, o disco pode parecer muitas vezes um bom acompanhamento de fundo, sereno, viajado e que demora para realmente chamar atenção. Curiosamente, quando um pouco do falsete surge em Triumph of Desintegration, o espirito eleva-se um no meio de uma linha de guitarra dançante e um ótimo trabalho de backing vocals.

O volume muitas vezes pode parecer baixo nas canções, dando uma enfase maior na voz de Barnes, que conduz praticamente todas as linhas instrumentais do disco. No entanto, de forma calma e através de um reprodução contínua, Lousy With Sylvianbriar acaba cativando o ouvinte com doces canções como Amphibian Days ou Raindrop in My Skull. A pausa no impeto e a tentativa de criar uma obra um pouco mais devagar e cadenciada, acaba se mostrando a decisão correta do of Montreal, antes que mais excessos pudessem tirar a real essência do grupo.

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BOM PARA QUEM OUVE: Mazzy Star, MGMT, Scissor Sisters
ARTISTA: of Montreal
MARCADORES: Rock Psicodélico

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.