A homeopatia prega que as suas soluções medicinais não fazem o sintomas de uma doença desaparecerem, ao contrário, levam o corpo humano a produzir as substâncias necessárias para criar a sua própria cura. É um trabalho de longo prazo e não pontual que de forma eficaz e natural pode muitas vezes ser a solução para mazelas complicadas de serem tratadas. Algo entre este tratamento e o Heavenly Beat parecem encontrar um ponto de tangência muito interessante.
Trabalho notavelmente solo de John Peña, seja pela perceptíveis baterias eletrônicas dos anos 1990 ou a instrumentação em loop, Prominence é uma deliciosa brisa do mar que parece criar forças para que o seu ouvinte possa enfrentar os seus problemas tranquilamente. Calmo e concentrado em guitarras dedilhadas e violões compassados, o segundo trabalho do músico é certamente um ótimo momento sonoro em 2013.
A começar por Lenghts faixa letárgica que captura a essência de um ambiente de praia e que tenta de todas as formas trazer o ouvinte para perto do sol e mar. Aliás, a instrumentação acústica vista aqui lembra em muitos casos os trabalhos iniciais do Kings of Convenience, sem as tradicionais trocas de vocalistas mas com as mesmas baterias eletrônicas de fundo e alegria. Tente não lembrar do duo sueco em Complete, por exemplo, ou nas levadas viajadas antecipadas por vozes serenas em Familiar.
No entanto, o destaque surge no crescimento de canções como Expectation, momento cuidadosamente produzido. Seus 30 segundos inicias nos fornecem todos os elementos da faixa inteira: batida constante, palmas de fundo, violão swingado e um xilofone. Todos são omitidos na sequência musical, aparecendo posteriormente em situações propícias dentro de sua construção. Sem se resumir a somente isso, a música pode ser considerada completa e de acordo com toda a proposta de Prominence.
Aliás, como o próprio nome do projeto de Peña sugere, a busca do som parte de batidas paradisíacas, algo que certamente é preenchido aqui. O tom mais calmo composto pela instrumentação e voz sonhadora do músico, acaba sendo acelerando em alguns momentos mas sem nunca perder a sensação de que estamos diante de um lugar belo e tranquilizante. Thin tenta em alguns momentos subir o tom do bumbo enquanto Forever é quase um pancadão dentro do disco.
Honest é uma das faixas mais bonitas de toda a obra, seja pela sua gaita aguda ou pelos seus timbres sintetizados . O violão em delay joga o ouvinte para longe da civilização enquanto John diz as belas palavras :”I just wanted to reconcile the past that got me off/ With the present I’m just dying in” antes que tudo acabe. A faixa título indica toda a ideia por traz deste segundo disco, surgir como um medicamento natural e que depende de seu paciente para ser entendido. Ao final, Prominence é escapista em doses homeopáticas, sem nunca nos fazer esquecer quem somos e o que desejamos da vida, tranquilidade e forças para lidar com o nosso mundo caótico.