Resenhas

Big Country – The Journey

Sem medo de ser considerado datado, banda lança um disco coeso bem produzido mostrando sua sonoridade clássica

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Ano: 2013
Selo: Cherry Red
# Faixas: 12
Estilos: Rock
Duração: 46:17
Nota: 3.5
Produção: Big Country

Bruce Watson e Mark Brzezicki, metada do Big Country original, entraram em estúdio no fim de 2012 dispostos a fazer algo que não faziam desde 1999 – gravar um disco de canções inéditas da banda. Muito se passara neste 13, 14 anos, principalmente a morte do cantor/fundador/guitarrista Stuart Adamson em 2001. Com esse trágico acontecimento, Big Country interrompeu suas atividades até 2007, quando, ao celebrar os 25 anos de fundação da banda, notou-se uma grande demanda por inéditas do grupo.

Watson e Brzezicki, mais o baixista fundador, Tony Butler, pensaram se reunir e testaram seu poderio de fogo em pequenos shows a partir de 2007, com resultados satisfatórios. A partir do fim de 2008, a banda voltou definitivamente, a princípio excursionando pelo Reino Unido tocando seus hits do passado. Logo viram que poderiam ousar e pensar num disco de inéditas. Com a adição de Jamie Watson (filho de Bruce) e o vocalista do Alarm, Mike Peters, um novo e repaginado Big Country nascia.

Em 2012, Butler pediu para deixar o grupo, se aposentando definitivamente das turnês e dos estúdios. Em seu lugar veio Derek Forbes, ex-Simple Minds e, com esta formação, Big Country entrou em estúdio para gravar The The Journey. Com letras de Peters e a mesma visão musical dos primeiros anos, a banda dá prosseguimento à busca da sonoridade de gaitas de fole em suas guitarras, a cargo de Bruce e Jamie Watson, pai e filho. Forbes dá cimento pós-punk na confecção da base sonora, juntamente com Brzezicki, um grande baterista subestimado ao longo do tempo. E Peters, egresso de uma banda similar ao Big Country, é capaz de manter a solenidade e grandeza das letras e vocais sem que haja qualquer perda.

Várias canções se destacam e honram a tradição do Campão, entre elas, a faixa-título, cheia de referências a The Crossing, disco de estreia da banda, no distante 1983. As guitarras chegam a executar o fraseado de “In A Big Country” numa espécie de subtexto musical, com êxito total. A faixa de abertura, In A Broken Promise Land também acena para o passado, como se fosse possível existir um gênero musical chamado “punk de arena”, com guitarras confiáveis e grandiloquência viável. Talvez tenha sido sempre a sonoridade praticada pela banda e por seus companheiros de estrada iniciais, The Alarm e, mais notadamente, U2. A voz de Peter lembra bastante a de Bono Vox, mas, enquanto o U2 se tornou uma banda de poder de fogo limitado, Big Country de 2013 tem guitarras altas, bateria tonitroante e uma ausência total de medo em soar datado. Essa é a mágica de The Journey, é um disco com tesão e vigor, feito por gente que acreditou fazer o melhor possível. Belo retorno.

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ARTISTA: Big Country
MARCADORES: Rock

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.