Resenhas

Castello Branco – Serviço

Explorando ritmos brasileiros de maneira livre, músico faz estreia solo autêntica e surpreende com nova fase e influências sonoras

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Ano: 2013
Selo: Independente
# Faixas: 12
Estilos: Alternativo, Folk, Samba
Duração: 39:40
Nota: 4.0
Produção: Lôu Caldeira, Tô, Strausz e Castello Branco

Refém da estagnação é que Lucas Castello Branco parece ter se vislumbrado após um bom tempo filiado a um Rock padrão – que tinha seu valor, mas não parecia carregar em sua essência o diferencial de fazer brotar aquela lágrima aos olhos. Com um pontapé no passado e o abraçar do sobrenome como pseudônimo é que Castello Branco rumou afundo por novas experiências sonoras e proporciona em 2013 o consistente disco Serviço.

Se antes as guitarras bradavam uma pseudo-rebeldia desacelerada – devidamente acompanhadas dos demais membros da banda R Sigma, Castello mostra agora a sua flexibilidade perante o total arranjo de seu álbum e o remanejo de seu pensar a música: Longe de pertencer a Nova MPB, o cantor traz pra perto variados ritmos plenamente brasileiros sem se desvincular de sua boa mão para o trabalhar acústico de violões.

O verdadeiro Folk brasileiro ecoa por aqui, deixando as caricaturas chupinhadas dos extremos caipiras norteamericanos no chinelo ao entoar coros como Intro.ave e Palavra Divina;Quietude Extraordinária (com Alice Caymmi), que fazem lembrar os cânticos religiosos tão marcados pela nação; o grandioso hit recheado de groove e percussões étnicas, Necessidade; e as leves composições inspiradas em bons sambinhas como Céu Da Boca e Acautelar.

A persona de Lucas proporciona ao olhos e ouvidos um universo confortável e de fácil assimilação, o músico parece muito conhecedor de si e do tempo que levou pra chegar neste primeiro disco solo – tanto que sua nova estética pode até mesmo ser associada a nomes como Devendra Banhart e Wado, que também caminham livre e a seu jeito por gêneros variados sem perder a autenticidade.

A nomeclatura Serviço soa como um diminuidor de seu verdadeiro signficado, que é o ofício, o préstimo, o trabalho e também a função de servir, que por aqui ressoa paradoxalmente como o sagitariano de 26 anos finalmente ter alcançado o sonho de criar por suas próprias mãos a tangência de um material com sua cara e que acerta em cheio uma lacuna que faltava tanto para o ouvinte quanto para si próprio.

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BOM PARA QUEM OUVE: Otto, Transmissor, Wado
MARCADORES: Alternativo, Folk, Ouça, Samba

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.