Resenhas

Danny Brown – Old

Novo disco do rapper tem um lado A excelente e um lado B repetitivo mas quase consegue, mesmo assim, superar o estrondoso sucesso de seu trabalho anterior.

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Ano: 2013
Selo: Fool's Gold, Warner
# Faixas: 19
Estilos: Hip Hop
Duração: 56:36
Nota: 3.5
Produção: A-Track, Nick Catchdubs

Quando Danny Brown afirmava “eu nunca farei um disco igual” em suas milhares de entrevistas estrondoso sucesso de XXX após a pergunta “e o sucessor?”, ele não estava mentindo. No entanto, as maiores qualidades vista no esperado Old residem na própria evolução do músico e na demonstração de outros atributos de certa forma escondidos.

As inevitáveis comparações com seu trabalho anterior passam desde do nome que nos lembra antigo, velho mas também em como o músico conseguiria sair da armadilha do sucesso. Dividido em duas partes bem distintas que quase não conversam entrei si, o novo álbum de Danny é ambíguo mas também excelente em alguns aspectos. O lado A que começa com Side A(Old) (para surpresa de todos), nos coloca sob performances que realçam as melhores coisas de XXX, as batidas inteligentes e costumeiro bom humor do músico.

Parcerias impressionantes como o grupo de música eletrônica Purity Ring em 25 Bucks, faixa que destaca-se pelas belas batidas e vibe já conhecida dos parceiros e The Return com Freddie Gibbs, momento com um dos baixos mais vibrantes do disco e atmosfera anos 1990, são destaques aqui. O humor e criatividade surgem no Reggaeton de Wonderbread e na letargia de Gremlins. São sequências de canções que mantêm um nível de criatividade e ao mesmo tempo pluralismo que levam o ouvinte a não se cansar em nenhum instante.

Torture é surpreendente, pesada e traz um timbre de voz de Danny que não estamos acostumados. Menos afetado e agudo, parece ser muito mais sincero em uma música que aborda bastante o mundo das drogas. Lonely com um sample de música francesa e a balada Clean Up demonstram um ótimo amadurecimento do artista. No entanto, estamos lidando com um disco de 19 músicas, e dois lados, e quando Side B(Dope Song) inicia as coisas começam a desandar de certa forma.

Sem ter uma faixa ruim, o lado B é, entretanto, extremamente repetitivo. O aumento do BPM das músicas, utilização de mais batidas eletrônicas e voltadas aos clubes, ao mesmo tempo em que Danny parece se descontrolar nos vocais são características neste outro momento que acabam decepcionando. O estilo de Brown nunca irá mudar, e todo humor agudo na voz talvez seja sua maior virtude mas o excesso de preocupação com mostrar algo novo acaba atrapalhando.

É impressionante como as faixas são parecidas entre si, passando de Dip à Way Up Here com Ab-Soul não vemos muitas diferenças. Tudo isso aliado ao aumento das batidas por minuto acaba cansando facilmente o que diminui o impacto de Old mas não o torna um disco ruim, longe disso. Mesmo no meio de tanto impeto e energia excessiva, temos ótimos momentos como Float On com Charlie XCX e a psicodélica Kush Coma com [A$AP Rocky].

Superar um disco icônico é sempre difícil. Danny Brown tenta e quase consegue fazer isso com a primeira parte do disco ao tentar demonstrar amadurecimento a partir da evolução do som visto anteriormente. Ao decidir, no entanto, fugir bastante dos momentos do lado A com músicas mais rápidas, e de certa forma genéricas, o rapper acaba se perdendo um pouco. Se tivesse menos músicas, sem deixar de ter as músicas com batidas eletrônicas mas diminuindo somente o seu espaço no disco, talvez Danny conseguisse fazer um trabalho ainda melhor que o anterior. Entretanto o excesso acaba sendo prejudicial e Old se torna um ótimo sucessor pela metade.

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ARTISTA: Danny Brown
MARCADORES: Hip Hop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.