Resenhas

Ryan Hemsworth – Guilt Trips

Disco de estreia do produtor tange bastante o Hip-Hop e quase não o toca diretamente. Entretanto, cria a partir de referências próprias um estilo que ainda é incerto, mas promissor

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Ano: 2013
Selo: Last Gang
# Faixas: 10
Estilos: Eletrônico, Hip Hop
Duração: 36:01
Nota: 4.0
Produção: Ryan Hemsworth

Dentre todas as milhares de referências que vemos na esperada estreia de Ryan Hemsworth, o Hip-Hop é a mais notável. Não através de rimas, mas de batidas que percebidas de fundo nas canções, trazem sempre a cadência, virada e climas habituais do gênero. No entanto, o que mais se destaca aqui é a precisão na escolha das participações especiais de Guilt Trips.

O nome não mente quando a psicodelia misturada a música negra transforma cada faixa do disco em uma verdadeira viagem. Small + Lost com Sinead Harnett é extremamente delicada, como o título da canção se propõe a mostrar. Against a Wall joga as primeiras rimas ao longo de batidas quebradas mas extremamente compreensíveis. O Hip-Hop é notado, mas mesmo assim não é nada destacado como se fosse somente um elemento alheio no meio da criação.

Will Wiesenfeld é muito bem-vindo em Still Cold, momento mais confessional e emotivo de toda a obra, o verso que mais parece um hino da sinceridade desponta no trecho “it’s almost funny that you’re still so cold, and I think you worth the bullshit”. O lado de remixes que o lançou na música surge em Weird Life, música que lida de outra maneira com a famosa música do filme Transpotting, Born Slippy. Nada parece muito brilhante, mas extremamente agradável e realista na música eletrônica.

O grande momento reside no encerramento Day/Night/Sleep System quando todo o Hip-Hop transcrito de forma silenciosa, quase escondido, surge. A participação do rapper Kitty coincide perfeitamente com a construção da faixa, que se utiliza do lado moderno do gênero, cheio de elementos eletrônicos e levadas mais escurecidas e transforma a música no grande destaque de todo o disco.

Sem soar Pop em nenhum momento, mantendo toda a autoridade e sabendo dosar bem as suas referências que vão desde de Flying Lotus até Massive Attack, Ryan cria uma boa obra introdutória a um lado desconhecido do músico. Famoso por remixes de Danny Brown à Cat Power, o estilo próprio do produtor parece estar sendo lapidado. Longe do brilhantismo mas ainda mais distante do obscurantismo, Hemsworth demonstra que podemos esperar muito dele no futuro.

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BOM PARA QUEM OUVE: J Dilla, Flume, Madeon
MARCADORES: Eletrônico, Hip Hop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.