Resenhas

Earth, Wind And Fire – Now, Then And Forever

Disco conta com edição bônus com participações especiais de várias bandas, incluindo bandas brasileiras

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Ano: 2013
Selo: Sony Music
# Faixas: 10
Estilos: Funk, R&B
Duração: 43:28
Nota: 3.5
Produção: J. R. Huston

Já são 41 anos de carreira e este é o 21º disco lançado pelo Earth, Wind And Fire. Se você ainda não conhece a banda, o que é perfeitamente normal, precisa saber que esse pessoal de Chicago, USA, foi responsável por uma forma peculiar e extremamente Pop de fazer Funk, cheio de referências esotéricas, passagens jazzísticas, vocais que podiam ir do endiabrado ao angelical na mesma frase. Mais do que isso, seus integrantes, especialmente o baixista Verdine White, até hoje na ativa, dominavam totalmente seus instrumentos, fossem musicais ou vocais, produzindo um momento de beleza quase incomparável em termos de música negra dos anos 70.

Ao longo do tempo, com destaque para o período entre 1975 e 1981, o EWF produziu belos álbuns e singles, algo que se tornou mais esporádico nos tempos seguintes, sobretudo pelas mudanças estéticas que a música negra sofreu com a chegada do Rap e da eletrônica. O som da banda era 100% técnica e apelo, virtuoso sem cansar, mas fadado a sair de moda. De fato, o grupo só lançou 6 discos de inéditas num espaço de tempo de 30 anos, encerrando com este novo trabalho. O núcleo criativo da banda segue com o trio remanescente da formação original, composto por Phillip Bayley (voz), Verdine White (baixo) e Ralph Johnson (bateria). O grande charme desse novo trabalho é que a banda soube se valer da tendência estética revisionista atual e fazer um disco eminentemente retrô, deixando de lado qualquer necessidade de modernização. Claro que há a mais avançada tecnologia de estúdio por trás das canções, mas a sonoridade é totalmente anos 70, clássica e classuda.

Exemplos dessa característica estão por todo o disco: a belezura da faixa inicial, Sign On, já conduz o ouvinte para a passagem temporal. O trajeto fica mais fácil com o surgimento de outros petardos como My Promise e a lânguida Love Is Law, com o melhor do padrão EWF para canções mais lentas. A notória admiração do grupo pela música brasileira também retorna, dessa vez com a instrumental “Belo Horizonte”, lembrando os tempos que a banda fazia – e gravava – versão de Ponta de Areia (de Milton Nascimento) ou dividia o palco do Maracanazinho com Gilberto Gil.

Now, Then And Forever sai em vários tipos de edição de luxo. No exterior, há uma versão com disco bônus e uma série de clássicos da banda, como September, Fantasy ou Let’s Groove, escolhidos por gente como Lenny Kravitz, Raphael Saadiq, entre outros, dizendo por que motivo tais canções são importante. Há versões com duetos internacionais, como o caso do italiano Mario Biondi. Para a América Latina, o EWF vem com uma versão de My Promise, chamada “Incondicional”, com participação do … Jota Quest. Sign On, por sua vez, aparece numa outra leitura, com os argentinos do Illya Kuryaki and the Valderramas. Isso custa algumas bananas no resultado final, claro.

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.