Resenhas

Cate Le Bon – Mug Museum

Ironia sutil e modo doce de cantar as tristezas da vida preenchem o novo álbum da cantora, terceiro de sua carreira

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Ano: 2013
Selo: Turnstile
# Faixas: 10
Estilos: Folk Psicodélico, Indie Pop, Singer-Songwriter
Duração: 42:09
Nota: 4.0
Produção: Noah Georgeson
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fmug-museum%2Fid69951

A compositora galesa Cate Timothy já chega ao terceiro álbum de seu projeto solo no qual se apresenta sob seu codinome artístico Cate Le Bon. Continuando a linha de seus antecessores, o álbum está revestido com uma sonoridade Folk Psicodélica, sempre soando muito doce, embora amparado por um modo melancólico de encarar a vida, com traços da influência das chansons de seu país. O universo que seus álbuns habitam – das capas aos arranjos -, aliás, lembram muito às das meninas da Nouvelle Vague, grupo inspirado no movimento cinematográfico francês da década de 60.

É nesta alma retrô que temos Mug Museum: Imaginem a aura melancólica do tédio cotidiano, em que as canecas de café na prateleira servem como metáfora aos momentos prazerosos de relacionamentos do passado, agora empoeirado, mas que, de quando em quando, despertam sensações nostálgicas de uma saudade irremediável. Cate Le Bon canta o tédio, a melancolia e a tristeza cotidiana envernizados por uma ironia fina e extremamente sensível de sua composição.

Pois bem, quanto às comparações sonoras, na época do lançamento de seu primeiro álbum, Me Oh My, embora o músico-padrinho Gruff Rhys (do Super Furry Animals) tenha comparado Le Bon com a cantora germânica Nico – fato que foi o responsável pela projeção da carreira da moça -, me parece que, embora a estratégia de marketing tenha sido bem sucedida, as similaridades entre as duas não vão muito além da semelhança física ou do (charmoso) sotaque quando ambas resolvem cantar em inglês. Por outro lado, o modo doce e sutil (e bastante irônico) de encarar as tristezas da vida cotidiana lembram muito os escoceses do Belle & Sebastian. Além disso, a maneira deliciosamente displicente e blasé no estilo de cantar está assustadoramente próxima de sua contemporânea Courtney Barnett (ouça a faixa recém-lançada desta última, Avant Gardener e, logo em seguida, a que abre o álbum de Le Bon, I Can’t Help You).

Continuando muito bem a linha Singer-Songwriter dos seus antecessores, o Folk Psicodélico está muito bem balanceado com o Indie Pop em Mug Museum, transitando da animada faixa de abertura, até a beleza simples de I Think I Knew (na qual faz um duo com Mike Hadreas, do Perfume Genius), chegando a um experimentalismo um pouco mais dissonante em Cuckoo Through the Walls (como se o álbum, em sua simplicidade, aos poucos se desfizesse). Um ótimo exemplar para constar em sua playlist dominical. Já está na minha.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte