Resenhas

British Sea Power – From The Sea To The Land Beyond

Disco é trilha sonora para documentário de mesmo título, e mostra o acerto da banda em fazer registros para este fim

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Ano: 2013
# Faixas: 18
Estilos: Alternativo
Duração: 73:48
Nota: 4.0
Produção: Brittish Sea Power

Antes de mais nada, querido/a leitor/a, você precisa ter absoluta certeza de que esse é um disco belíssimo. Algo que poderia funcionar como um trocadilho funcional, ou seja, a escolha de uma banda com o nome de British Sea Power para criar paisagens sonoras para a trilha de um documentário sobre o litoral inglês, feito pela diretora Penny Woolcock. Acredite, nada poderia ser mais adequado.

Longe de ser monótona, a trilha é 100% inglesa, no sentido Pós-Punk, melodioso e harmônico do termo, cheio de guitarras gentis, teclados e cordas que jogam a favor da sensação de contemplação que o mar inspira. Nativo de Natland, região da Cúmbria, norte da Inglaterra, perto da Escócia, o grupo formou-se em 2000 e iniciou sua carreira com o belo The Decline Of The British Sea Power, que chegou a causar sensação na época. Devidamente radicado na cidade praiana de Brighton e com o comando dos irmãos Yan Scott Wilkinson (voz e guitarra) e Neil Hamilton Wilkinson (voz, baixo, guitarra), mais Martin Noble (guitarras e teclado) e o baterista Matthew Wood, a banda gravaria o segundo disco em 2005, chamado Open Season. Ela sempre teve sua sonoridade oscilando entre climas melancólicos erigidos por grandes formações, como Echo And The Bunnymen ou Cure, mas com uma placidez ainda maior, trazendo um acento cinematográfico a seu som. Em 2008, a banda lançou seu terceiro disco, Do You Like Rock Music, e criou sua primeira trilha sonora, para um velho filme sobre a vida em comunidades pobres da Irlanda, chamado Man Of Aran, feito em 1934, pelo diretor Robert Flaherty.

Ali, já era possível perceber o talento da banda para a missão de criar paisagens sonoras, abusando dos instrumentais, sempre utilizando bom senso na dosagem dos efeitos e dos timbres guitarrísticos. O último trabalho do grupo foi Machineries Of Joy. A trilha para o documentário de Penny Woolcock funciona muito bem sem o filme. É música tristonha, também fortemente instrumental, apesar de vocais esparsos surgirem em canções como Coastguard ou Be You Mighty Sparrow, é em momentos evocativos como The Islanders (com a mesma melodia de Sparrow, sem os instrumentais), Strange Sports ou na levemente caótica Melancoly Of The Boot, que o bicho pega.

Este é um belo e raríssimo exemplo de versatilidade e possibilidades dentro do formato “canção Pop instrumental”. A trilha chega ao disco só agora, tendo o filme sido lançado em 2012. A versão lançada traz um disco com as canções e um DVD, trazendo o documentário. Bela pedida.

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MARCADORES: Alternativo, Ouça

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.