Resenhas

Hierofante Púrpura – A Sutil Arte de Esculhambar Música Alheia

Ano: 2014
Selo: Transfusão Noise Records
# Faixas: 12
Estilos: Rock Psicodélico, Folk Psicodélico, Lo-Fi
Duração: 1h18m
Nota: 2.5

O senso de humor do título A Sutil Arte de Esculhambar Música Alheia não revela necessariamente o tom que ouvimos neste disco da Hierofante Púrpura. Não há assim tanta leveza na obra como um todo, mesmo com as referências a uma Psicodelia sempre tão agradável. E o álbum acaba tendo cara de ser mais um exercício dentro desse estilo do que de qualquer outra coisa. Por melhor que algumas músicas sejam, essa carga de aparência artificial prejudica o envolvimento do ouvinte ao longo das doze faixas.

A intenção era misturar músicas autorais da banda (cuja origem no interior paulista lhe faz chamar seu som de “Psicodelia Rural”) a covers de diversas outras bandas, como Yo La Tengo (Tears Are in Your Eyes) a outras mais contemporâneas, passando por uma inusitada versão de O Cio da Terra, da dupla caipira Pena Branca e Xavantinho. Se a ideia é interessante, a execução gerou momentos dúbios, que vão do transe agradável à pulga atrás da orelha pela sensação de uma vontade muito grande de ser freak, de estar fora da curva ao usar recursos de estilo ruidosos não tão incomuns assim.

Nessa mesma ideia, tudo foi gravado em 4 Track Cassette, o que confere toda uma aura Lo-Fi e experimental à obra – algo até bacana, mas já não tão original assim. Fica a impressão de algo descompromissado, como se os músicos tivessem a a fim de fazer aquilo que ouvimos tantas bandas comentarem, de trabalar um disco para eles mesmos, com o som que queriam ouvir feito de uma maneira que lhes fosse um desafio.

A boa notícia é que as músicas originais ficaram melhores que as versões cover. Não é difícil encontrar os méritos de A Camisa Vermelha Sou Eu, Vida e Morte de Ira Kaplan ou Transcedentalizei. O que fica das outras faixas de A Sutil Arte… é um aspecto obscuro e quase teatral, com cara de cinema alternativo de décadas atrás – algo que a longa duração do disco pode ajudar a desanimar o ouvinte que não estiver 100% nessa pegada.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.