Resenhas

Cities Aviv – Come to Life

Rapper se destaca em suas produções que estão entre a Música Eletrônica Experimental e o Pós-Punk

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Ano: 2014
Selo: Young One
# Faixas: 15
Estilos: Rap, Post-Punk, Eletrônico Experimental
Duração: 36:39
Nota: 4.0
Produção: Cities Aviv, RPLD GHSTS, Alexander O'Dell, B_L_A_C_K_I_E_
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fcome-to-life%2Fid791603130%3Fuo%3D4%26partnerId%3D2003

Gavin Mays, o músico que se apresenta sob a alcunha de Cities Aviv, é um dos bons exemplos de jovens artistas que estão ajudando a redefinir o Rap contemporâneo. Em seu novo álbum, Come to Life, por vezes gritado, agressivo e barulhento, por outras envolto numa atmosfera eletrônica, experimental e dançante, materializa um universo alternativo, criado e frequentado por jovens contemporâneos, cosmopolitas e que usam muito a internet.

Mas Cities Aviv não usa sua faceta agressiva para atacar diretamente a sociedade e a música de fácil digestão, senão como artifício de subversão artística. A primeira faixa, por exemplo, que pode servir para espantar de cara os ouvintes mais conservadores, parece um convite fantasmagórico que invoca o álbum à criar vida, um caos barulhento que se organiza à la Pharmakon, enquanto a voz adulterada pelo computador anuncia: Come to Life.

Vindo da geração que inventou o Cloud Rap (uma vertente que recai ao lado mais etéreo e atmosférico da música), Cities Aviv transforma sua “nuvem” na versão digital das ferramentas de compartilhamento, como a famosa versão que vem diretamente do Deus Google. O nome de suas músicas (IRL URL) e de seus produtores (RPLD GHSTS e B_L_A_C_K_IE), por exemplo, são exemplos perfeitos de uma geração que usa o Tumblr e ao mesmo tempo produz Hip-Hop nos Estados Unidos.

Quando lançou o seu clipe para a faixa Don’t Ever Look Back, na complexidade de seu estilo, ficamos perdidos em entender o seu conceito. Agora, com o álbum lançado, ainda é difícil de entendê-lo. Contudo, a experiência empírica vai te ajudar. E o contexto do mundo virtual que habita também. Come to Life, mesmo que reúna todos os adjetivos que já citei (de caótico à subversivo) faz, afinal, todo sentido.

Não é Rap sobre bases eletrônicas, e, de algum modo, parece como se fosse o contrário. É óbvio o apreço de Gavin Mays na contrução de seus samplers e na produção da faixa e, enquanto quase se perde no andamento de seu vocal (Fool), absorto na confusão de sua própria música, soa como uma faceta soft de Death Grips, que se utiliza como pode de uma profusão de ruídos (Picture Me Gone), que vão de barulhos de uma conexão dial up de internet até diálogos dificilmente compreensíveis.

Enfim, é muito interessante que o Rap, vindo do Hip-Hop, nascendo de uma contra-cultura, e sendo subversivo per se, hoje se transformou em underground por motivos totalmente diversos, num cenário que, embora compartilhe das mesmas referências, se reforça na faceta obscura dos Odd Future, na sexualidade de Le1f e na “digitalização” radical de Cities Aviv.

Embora não apresente nada impressionante no que diz respeito ao seu desempenho enquanto rapper, Cities Aviv se destaca na medida em que se confunde com outros gêneros (a parcela de música eletrônica experimental e Pós Punk que há, digna de Tim Hecker e Oneohtrix Point Never é uma de suas características mais interessantes e confusas) e, por isso mesmo, é genial na subversão artística que propõe.

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BOM PARA QUEM OUVE: Das Racist, Le1f, Death Grips
ARTISTA: Cities Aviv

Autor:

é músico e escreve sobre arte