Resenhas

The Reverend Horton Heat – Rev

Fãs vão celebrar este retorno às origens, mas, para o ouvinte mais casual, talvez tudo pareça longo demais

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Ano: 2014
Selo: Victory Records
# Faixas: 13
Estilos: Rock, Rock Psicodélico, Rockabilly
Duração: 46:32
Nota: 3.0
Produção: James Heath

O início da década de 1990 representou, em termos quantitativos, uma grande renovação no Rock americano. Bandas vindas de várias cidades, com carreiras turbinadas por exposição em circuitos alternativos, universitários, informais, com base de fãs criada pelo boca a boca, quase uma panfletagem nas cidades e buracos mais remotos dos Estados Unidos. Ao lado do pessoal das camisas de flanela de Seattle e dos intelectuais, cheios de propostas estéticas interessantes, sobretudo REM e Sonic Youth, uma barulhenta formação de Houston, Texas, chegou com força total, The Reverend Horton Heat. Parecia completamente fora de lugar, inserida no cast da gravadora Sub Pop, especializada em formações indies, que significavam, acima de tudo, modernidade.

O grupo estava na estrada desde 1985, mas foi em 1989 que tornou-se uma banda mais polida, com a chegada do baixista Jimbo Wallace e do baterista Patrick Bentley, que vieram se juntar ao mentor da banda, o cantor e guitarrista Jim Heath. Seu primeiro disco, Smoke’Em If You Got’Em, lançado em 1991, apresentou ao público uma variante do Psychobilly, ou seja, a mistura de variações rapidíssimas adquiridas do Punk ao longo da década de 1980 por bandas como Cramps, devidamente incorporadas ao Rockabilly original, mas com um grande diferencial: o livre trânsito pelas audiências indepedentes, além da própria imagem e sonoridade devidamente traduzidas para um momento diferente na música Pop. Com canções falando sobre bebedeira, mulheres, carros, bebedeira, carros e mulheres, o Reverendo estabeleceu-se como uma banda muito querida e com fãs cultivados e convertidos em tempo recorde.

O primeiro disco colocou a banda no mapa e a sensação de diversão e esporro foi ampliada pelo sucessor, The Full Custom Gospel Sounds, lançado em 1993. A partir de 1994, ela rumou para uma gravadora maior, a Interscope, e substituiu Bentley por Scott Churilla, fechando o trio que está em atividade até hoje. Ao longo dos anos 00, a banda voltou aos selos alternativos e enveredou pelos caminhos do Country, o que dispersou grande parte de seus fãs originais. Rev chega como se fosse uma missão de resgate desse passado glorioso. O trio enfia a mão nas alamedas da velocidade e da crueza rítmica, procurando voltar às origens mas, apesar de inegáveis boas composições e verdadeiro entrosamento, alguma coisa surrupia o encanto.

Há canções rápidas e legais como Let Me Teach You How To Eat e Longest Gonest Man (esta última, uma das primeiras canções compostas pela banda, finalmente gravada), passando por exemplos de um ritmo menos intenso, como em Mad-Mad Heart ou de flertes com sonoridade mais próxima do Country, Hardscrabble Woman, partindo para o encerramento flamejante de Chasing Rainbows. Os fãs vão celebrar este retorno às origens, mas, para o ouvinte mais casual, talvez tudo pareça longo demais, repetitivo, cansativo além do esperado. Mesmo que seja inegavelmente Rock’n’Roll, Rev talvez traga um sermão muito longo desta vez.

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.