Resenhas

Aan – Amor Ad Nauseum

Primeira obra do grupo mostra boas faixas, porém grande falta de coesão entre elas

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Ano: 2014
Selo: Party Damage Records
# Faixas: 9
Estilos: Rock Experimental, Rock Alternativo
Duração: 42:36
Nota: 3.5
SoundCloud: /tracks/122796535
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Famor-ad-nauseum%2Fid792216738%3Fuo%3D4%26partnerId%3D2003

Me lembro de em 2012 ter ouvido o single I Don’t Need Love e posteriormente ter mergulhado no então escasso material da Aan (além de tê-la colocado em destaque no Ouça: Bandas). Hit instantâneo, a faixa surpreende desde seu inicio pela urgência, melodia envolvente, ótima dinâmica entre o par de guitarras, parte rítmica cheia de quebras, a experimentação do Rock Progressivo e a incrível voz do líder Bud Wilson (com toda sua elasticidade e poder explosivo). Certamente não esperava ver mais oito como essas em Amor Ad Nauseum, primeiro disco do grupo, mas também não imaginava encontrar faixas tão dispares em um álbum não tão longo.

Não diria que o disco é cheio de altos e baixos, pois grande parte das faixas são boas e algumas delas realmente incríveis (caso de I Don’t Need Love e Somewhere’s Sunshine), porém a falta de conexão entre elas atrapalha a fluidez da obra – ou pelo menos faz com ela não seja tão boa quanto seu potencial permite. Nesse primeiro trabalho, parece que a banda se preocupa muito em mostrar tudo o que pode fazer e de certa forma se esquece da experiência do ouvinte ao contemplá-lo. Logo de cara, há certa sensação de desnorteio, de não se saber exatamente para onde tudo aquilo está indo.

Mas, ao se deparar com canções como Somewhere’s Sunshine e seus poucos elementos sendo pincelados e se misturando em uma ótima composição (com uma bateria simples, uma harmonia convidativa e a voz de Wilson atingindo notas que deixariam até Jeff Buckley orgulhoso), ou ainda Daylight, faixa que cresce aos poucos sendo conduzida por uma percussão bem marcada (algo próximo do Local Natives em seu primeiro disco) e um belo duelo entre as duas guitarras, essa impressão de se estar perdido é logo quebrada.

Por mais que um disco seja sim feito por boas canções, há outros elementos (coesão, proposta, argumentação) que separam uma coleção de faixas de uma obra. Neste caso, temos uma coleção de faixas, só que muito boa. O fato é que elas funcionam melhor individualmente, mostrando que o poder dos singles da banda não é à toa.

Experimentações com os mais variados estilos dificultam a categorização da banda nesse ou naquele gênero e vem daí também a falta de coesão. Algo que pode lembrar Father, Son, Holy Ghost, do Girls, ou Dark Eyes, do Half Moon Run, no que diz respeito a essa imprevisibilidade sonora.

Há um pouco de Dream Pop/Shoegaze em Loveless Dreams (que parece repetir o tema de I Don’t Need Love), algo mais Pop em Bubble Bath Bop, Indie Rock/IndieFolk em Wake Me With a Kiss, Rock Alterntivo/Folk em Daylight (algo que pode lembrar o Half Moon Run) e até mesmo algo à la Radiohead em Weirdo. Tudo existindo ao mesmo tempo, mas sem necessariamente conviver em harmonia. E vale a pena em um futuro lançamento Bud e sua turma pensarem em envolver mais o ouvinte ao invés de querer mostrar tudo o que é capaz.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts