Resenhas

Drowners – Drowners

Disco radiofônico e pegajoso não esconde seu caráter genérico e falta de originalidade.

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Ano: 2014
Selo: Frenchkiss
# Faixas: 13
Estilos: Indie Rock
Duração: 30:34
Nota: 2.5

Fecho os olhos e aleatoriamente uma música do autointitulado disco de Drowners começa a tocar. Subitamente, algumas bandas me vem a mente: será The Strokes? Aquele riff de guitarra inicial da música, Ways to Phrase a Rejection, no caso, me lembra tanto Under Control do Room on Fire. Creio que não, o agito posterior e a voz me lembra um pouco Alex Turner e sua trupe, Arctic Monkeys. Que estranho, as faixas passam, o álbum também e tenho uma leve sensação de paralisia, uma volta a um tempo que nem me parece tão longínquo assim.

Evidentemente, a banda nova iorquina de Julian Casablancas influenciou uma geração. Se você já se encontra na casa dos 20 anos, certamente escutou The Strokes enquanto o grupo surgia, ao mesmo tempo em que seu conhecimento musical já era trilhado por outras bandas mais velhas. Agora, se você está abaixo dessa década, talvez tenha escutado Is This It? como o seu primeiro álbum, aquele que te influenciou profundamente. Neste caso, vemos a banda liderada pelo modelo galã Matt Hitt como a perfeita expressão de uma geração que se moldou no Indie.

As semelhanças entre os grupos, no entanto, não são tão evidentes aqui e temos somente a leve sensação de influência musical latente. Drowners é um disco que poderia muito bem ter surgido em 2004, ano que teve um boom impressionante de bandinhas que seguiam o grupo americano – casos como The Kooks e Razorlight, entre outros, surgiram e nem por isso se mantiveram criando este tipo som. Adolescentes, no sentido de maturidade, as faixas aqui trazem o frescor da juventude mas sem soar fresco e sim datado de certa forma,

Pegue, por exemplo, Long Hair com sua letra rasa e instrumentação básica, ou Luv Hold me Down que tem o jeitinho de baladinha que The Smiths se veria como pai. Tudo isso você já escuta há pelo menos 13 anos e continua escutando por aí, seja quando revisita as bandas da época ou quando surgem novos grupos com essa mesma sonoridade. Queremos deixar claro aqui que se basear e tomar obras ou artistas como referências faz parte da criação musical, e tivemos vários casos recentes de bandas que acertaram e erraram tentando trazer o velho Indie Rock de volta.

Enquanto Palma Violets fez um disco extremamente génerico, The Vaccines despontou como efervescente e ao mesmo tempo com uma declarada afinidade ao Pop, versão moderna do estilo. A diferença entre estes grupos, e que traz Drowners mais perto do primeiro, é que existem elementos que podem trazem uma diferenciação ao estilo ou música. Justin Young, por exemplo, vocalista da The Vaccines, é notoriamente um showman com uma tremenda voz e capacidade de se tornar único através de suas belas letras misturados ao ritmo frenético e viciante do Indie Rock.

O grupo, no entanto, cria um som muito amigável e radiofônico, unindo elementos que foram sendo criados e incorporados ao estilo ao longo do tempo mas sem demonstrar originalidade em nenhum momento. O disco é genérico do começo ao fim mas com boas músicas é claro. Porém, com um pouco mais de atenção, o ouvinte escutará um riff, um vocal ou refrão conhecido de outra forma, através de outra banda. Neste caso, Bar Chat é The Vaccines, Shell Across The Tongue é Razorlight e You Got It Wrong é The Kooks. Logo, se você por acaso nunca teve contato com estilo, irá se impressionar logo de cara com esse som tão pegajoso e divertido. Entretanto, qualquer conhecimento prévio, fará com Drowners seja tão efêmero quanto sua duração de 30 minutos.

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BOM PARA QUEM OUVE: Razorlight, The Kooks, The Strokes
ARTISTA: Drowners
MARCADORES: Indie Rock

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.