Imagine uma história que, graças à conveniência dos acasos, reúne alguns amigos para formar uma banda no centro de uma cidade que foi justamente o palco histórico da referência musical de todos os envolvidos: o Punk americano do final dos anos 70. Com seus integrantes vindos de lugares diversos, é justamente em Nova York que é formada SKATERS, e, após alguns singles lançados nos anos anteriores, chegam ainda no início de 2014 com seu primeiro álbum completo.
Manhattan situa-se numa espécie de narrativa do lugar em que habitam. Intercalando suas faixas com sons de crianças brincando, conversas alheias num café, ruídos do metrô e diálogos com estranhos na rua, as músicas, embora estejam referenciadas ao Punk Rock dos Ramones (podemos detectar a homenagem na introdução de I Wanna Dance, But I Don’t Know How), não ignoram o passar do tempo, os acontecimentos importantes no cenário, com o seu desenvolvimento e a evolução das tantas subvertentes que gerou.
Assim, além daqueles três acordes sujos cheios de ímpeto, temos a sonoridade barulhenta de Sonic Youth (temperado um pouco à maneira do primeiro álbum dos seus contemporâneos do Yuck), a lisergia moderna e toques eletrônicos de Animal Collective e os reverbs nostálgicos do que há de melhor no novo acontecimento do Beach Punk, temos também a atitude cômica dos membros da banda, que se fazem ao redor do arquétipo “adultos que não deram certo”, misturando, sempre com muito humor, a atitude do “tio mal exemplo da família” com o “adulto de jovialidade adolescente”, assim como o fanfarrão Mac Demarco, ou os ótimos Black Flag.
Manhattan é uma excelente estreia. Sabe exatamente a imagem que quer passar, e, apesar da postura caricata dos integrantes, é muito maduro e inteligente à medida que elabora um som recheado de referências importantes e interessantes. Um dos bons exemplos dentro do estilo nesse ano favorável.