Diego Scalada e Roger Valença, os nomes por trás do Onagra Claudique, fazem sua estreia com o EP A Hora e a Vez de Onagra Claudique, que causa impacto mesmo sendo discreto – culpa de uma beleza que tranquilamente envolve o ouvinte em cada uma de suas três faixas.
As líricas bem trabalhadas e sinceras com violões evidentes lembram um pouco Kings of Convenience, ao mesmo tempo que o trabalho está bem inserido na cena MPB com alma Indie (ou seria o contrário?), sem medo de fundir estilos e influências, assim como pequenas distorções e efeitos nos lugares certos, ou mesmo uma brasilidade mais explícita quando necessário.
A bateria que abre o disco em Umwelt vai aumentando aos poucos, como se entrássemos em uma música que já começou antes, ou que sempre existiu. “Vamos por as coisas no lugar”, canta o primeiro verso da música, que segue falando de nossa percepção da vida e do outro – uma ótima maneira da banda começar a se firmar no imaginário e nas playlists do público.
Mais Cinco Minutos continua a reflexão ao ambientá-la no cotidiano de um casal. Porta, café, cafunés, “o gato no quintal”: são muitos os substantivos que aproximam o ouvinte da realidade narrada e imaginada na canção, que cresce livremente com seus pequenos detalhes sonoros ao fim da faixa.
Encerrando a tríade, Papo Lampinho coloca seu interlocutor no colo e desabafa para consolá-lo, conversando sobre a sabedoria de conseguir enxergar o crescimento nos outros, revelando também a maturidade que a dupla conhece ter em sua obra.
Com a produção de Fabio Pinczowski e Mauro Motoki (Ludov), que também tocam no disco, e masterização de Steve Fallone, do mesmo estúdio responsável, entre outros, por Simon and Garfunkel, Fleet Foxes e Bon Iver, A Hora e a Vez argumenta em favor de si próprio e em defesa de seu título: é sim o momento de prestarmos atenção na Onagra Claudique.