James Blake – Sónar SP 2012

Apesar dos vergonhosos defeitos no áudio, o britânico conseguiu encantar o público do SónarHall ao revelar o domínio que tem sobre suas composições e influências

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Fotos: Robson Bento
Nota: 4.0

Em uma das apresentações mais esperadas do Sónar, James Blake levou a beleza de suas próprias composições ao palco SónarHall e entregou um show que, apesar das muitas falhas técnicas, cativou a atenção de um grande público.

Como o bom britânico que é, Blake não se atrasou muito e, com a mesma timidez revelada na noite anterior (quando ele fez um DJ set antes do Kraftwerk entrar no palco), entoou os primeiros acordes de Unluck, canção que abre também seu álbum homônimo. Foi o suficiente para os aplausos e gritos elogiosos da plateia, o que também aconteceu no início de outras faixas do disco, como I Never Learnt to Share.

Ao mesmo tempo que a plateia se mostrava efusiva, os fãs de seu trabalho entendiam que sua música não foi feita para ser ouvida em meio a gritos, o que causava diversos pedidos de silêncio ao longo do auditório aos mais barulhentos. Em compensação, entre uma canção e outra, várias declarações de amor e pedidos de casamento (todos em português) eram direcionados ao palco, gerando risos por toda a sala.

Tamanha admiração se justificava com a performance de Blake. Acompanhado de dois outros músicos, um com guitarra e sintetizador e outro com uma bateria eletrônica munida de pratos, o músico revelou ótimas versões de suas músicas, criando um clima de “remix ao vivo” por cantar, às vezes, de maneira fragmentada e utilizando diversos recursos em sua cativante voz.

A segunda metade da apresentação ficou marcada por músicas mais rápidas, que fizeram mesmo quem estava sentado se agitar. Assim como em seu Dj set, os graves foram amplamente explorados pelo artista, que cria essa grande camada sonora como base para os diversos sons, causando uma reverberação direta no corpo de todos, permitindo um contato sensorial constante com sua obra.

Apesar da vergonhosa microfonia e do estalar das caixas de som, que demonstravam não estar em sua melhor forma, James Blake conseguiu surpreender até quem já admirava seu trabalho, demonstrando um ótimo domínio sobre sua composição e as diversas influências estéticas que compõe seu próprio estilo.

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ARTISTA: James Blake
MARCADORES: Sónar SP 2012

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.