Tiago Iorc, Voz + Violão – SP

Plateia tímida se mostrou respeitosa e conectada ao músico em ambientação intimista

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Fotos: Breno Galtier
Nota: 4.0

Foi só no último dos três meses da turnê Voz + Violão que os paulistanos tiveram a chance de ver Tiago Iorc apresentar suas músicas sozinho no palco nesse formato. Além da espera para a data (ansiedade que fez os ingressos se esgotarem rapidamente), o show veio em uma véspera de abertura de Copa do Mundo, em uma semana confusa para a cidade e com uma confusão também no horário: 22h como divulgado pela Internet, 21h no ingresso. Porém, todas as emoções negativas ficaram do lado de fora do Tom Jazz e a impressão que prevaleceu durante toda a apresentação foi a que o músico nunca depeciona.

Seria inevitável comparar este show com a Zeski Tour do ano passado, ainda mais quando as duas apresentações tiveram uma sequência idêntica de músicas: Um Dia Após o Outro, Life of My Love, Story of a Man e Nothing But a Song. Mas os paralelos terminam por aí. Foi até bom começar assim, deu uma sensação de que ele mostrava mesmo um trabalho que já conhecíamos, só que em outro formato. Foi aí que as surpresas começaram, a começar por Morena (Los Hermanos), seguida de uma performance de Tempo Perdido (Legião Urbana) ainda mais intensa que as vistas anteriormente, provavelmente pelo desenvolvimento que a música, apresentada há anos por Iorc, teve no palco e pelo ambiente intimista do local acompanhado pelo silêncio da plateia.

O público se comportou até demais durante todo o show e Tiago teve que incentivar uma certa “bagunça” em alguns momentos. Talvez a proximidade com o músico e a (belíssima) iluminação dramática tenham mais intimidado do que proposto algo mais íntimo. Mas todos respondiam bem tanto em aplausos, quanto nas brincadeiras entre algumas músicas aqui e ali. Ainda assim, o clima era de um silêncio respeitoso (mesmo com muita gente acompanhando as músicas baixinho), o que só colaborou para que todos aproveitassem melhor aquelas versões.

Just So You Know, uma faixa que eu sempre quis ver ao vivo em voz e violão, veio acompanhada de Umbilical, improvisada após um pedido do público e impressionantemente bonita, ainda mais naquela forma orgânica com que saiu. A vibe ficou mais leve quando ele tocou Blame, Forasteiro e uma cover de Magic, mantendo um momento em homenagem a Coldplay, que na turnê anterior acontecia com The Scientist. Essa troca de clima, entre momentos bem introspectivos e outros para serem cantados e curtidos em grupo, marcou a noite.

Música Inédita encerrou o repertório, antes do bis com It’s a Fluke, My Girl e Sorte. O saldo foi de uma grande conexão com o público, seja pela simpatia de Iorc nas tentativas de diálogo com a tímida plateia, pela relação das pessoas com aquelas composições ou pelo clima pré-Dia dos Namorados que dominava o Tom Jazz (com show extra marcado para o 12 de junho, também esgotado). E se alguns parecem se empolgar mais com os covers, ao menos Tiago consegue mostrar naturalmente o valor de sua música autoral, seja com amparo da banda ou na sua figura sozinha no palco.

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ARTISTA: Tiago Iorc
MARCADORES: Tom Jazz

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.