Catavento – Da Leoni, SP

Gaúchos apresentam seu Rock Alternativo explosivo pela primeira vez em São Paulo

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Nota: 3.5

Vinda de Caxias do Sul em uma Kombi para realizar a sua primeira turnê nacional e com um disco na bagagem, Lost Youth Against the Rush, a Catavento – banda que já apareceu em nosso Ouça – mostrou na última terça-feira que não está à toa na cena, fugindo do hype para fazer um concerto explosivo.

Apresentando-se no Noites Café com Leite, projeto que acontece semanalmente no Da Leoni e visa o pagamento “quanto este show valer”, os jovens gaúchos mostraram que a bagagem conquistada na efervescente cena de Caxias lhes deu a experiência para não se assustarem no palco e mostrarem sua interessante mistura aos presentes na noite. Se no Festival Vaca Amarela o público parecia quase certeiro para uma noite que teria Boogarins, no escuro local e com a incerteza de se apresentar na permissiva e abrangente Rua Augusta, o jeito era conquistar o lugar pelo som e pela energia, algo que quem chegava aos poucos podia sentir logo de cara.

A combinação, que parte de influências do Grunge e do Rock Alternativo dos anos 1990, como Nirvana e Sonic Youth, coincide com a atitude Punk da Catavento: Poucas palavras, muita distorção e um espírito juvenil de querer explodir o mundo com seus acordes. No meio disso tudo, as coisas são mais ou menos tranquilizadas quando as evidentes levadas de Rock Psicodélico são combinadas ao Ska em acordes rápidos e rítmicos, fazendo os presentes oscilarem entre headbangs nervosos e passos mais dançantes.

A montanha russa sonora ocorre sem você perceber muito bem o que está acontecendo, como na excelente Seesaw, na qual somos levados para longe com sua introdução de Surf Music para depois acelerarem o instrumental como se entrássemos numa máquina do tempo. Aliás, esta constante mudança rítmica é que evidencia a psicodelia composta por diversos efeitos de voz e instrumentos. Cantando em inglês, mas com uma pronúncia invejável pelos seus vocalistas, que se alternam entre cada música, a banda parece querer conquistar outros horizontes logo de cara.

No entanto, se engana quem pensa que a brasilidade só está evidenciada na capa de seu disco com o típico ameríndio nacional, pois faixas ensoloradas como Youth, Moments ou Formiga trazem um gingado reconhecível antes de abrirem espaço para o Punk, elemento comum na maioria das sonoridades apresentadas e que é infestada pela viagem sonora proposta. Rasco e Fauna Sound são possivelmente os momentos em que podemos entender o que está se passando, a recriação intencional, ou não, de uma sonoridade Psychobilly, famoso gênero musical dos 1970 eternizado no The Cramps que mistura o Punk ao Rockabilly – dança e raiva, ruídos e harmonias, todas levadas pela psicodelia.

O resultado final é uma apresentação incandescente, como se estivéssemos no começo nos anos 1990 e que a imagem que a banda passasse fosse composta por distorção mais atitude de palco, algo que o tempo está ajudando a lapidar, mas que já se mostra muito bem enraizada no grupo. Com algumas músicas novas apresentadas, mostrando que o trabalho é contínuo e com um possível novo disco para o ano que vem, podemos dizer que Catavento não será vista da mesma forma quando o seu certeiro retorno ao solo paulistano acontecer; seja pelo maior público que já terá mais conhecimento de seu som interessantíssimo ou seja pela maturidade que a música vai trazer ao quinteto. Logo, sejam bem-vindos a este lado do Brasil e nos mostrem mais deste Rock Alternativo sulista, porque agora nós já sabemos que vocês, guris, são mesmo bons.

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ARTISTA: Catavento
MARCADORES: Da Leoni

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.