MECA Festival – Campo de Marte, SP

La Roux, AlunaGeorge, Mahmundi e Aldo, The Band foram os destaques do evento

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Fotos: Foto por Ana Shiokawa/ Deepbeep
Nota: 4.0

MECA Festival foi a chance de ter uma experiência completamente diferente do que se espera de um evento de música desse porte. Longe da badalação dos grandes ou da escassez de bandas dos pequenos, o festival se provou mais uma vez como uma ótima iniciativa de promover a integração de moda, música e marcas que tem um viés alternativo.

Apesar de ter vindo a São Paulo no ano passado, esta foi a primeira vez que o festival chegou com line up completo por aqui. Sediado no Hangar 001, no Campo de Marte, o evento soube aproveitar as limitações do lugar e criar nele um bom espaço para os presentes, com áreas para sentar, uma pequena praça de alimentação com food trucks, bares com cerveja liberada, além de ativações de marcas, com maquiagem e corte de cabelo gratuito. Uma reclamação recorrente do público, e a única que ouvi durante todo o festival, foi a escassez de banheiros químicos e que faziam o público amargar mais de meia hora em filas.

Entre o palco principal e três pick-ups instaladas do lado de fora do hangar, os shows se intercalavam com DJ-Sets, entre eles Dago Donato e Branko, do grupo Buraka Som Sistema. Glass and Glue e Sege Erège abriram o começo de tarde, ainda com pouco público, mas com animação suficiente para botar esses poucos presentes para dançar.

Às cinco da tarde, a carioca Mahmundi subiu a palco e fez uma exibição curta, porém animada. Entre faixas do EP Setembro e um cover de Rita Lee (Corre-Corre), a apresentação ocorreu com alguns problemas no som, mas que não chegaram a arruinar a experiência do público. “Vir a essa cidade é sempre maravilhoso, acabo fazendo vários novos amigos”, disse a carismática vocalista Marcela Vale, que veio acompanhada de um baixista e um tecladista, que tomava conta dos sintetizadores e samples. Seu maior hit, Calor do Amor encerrou botando quem já se amontoava ali para dançar.

Os gaúchos do grupo Wannabe Jalva subiram logo em seguida e mostraram uma nova postura, agora, pouco mais roqueira e experimental. Resultado disso foi uma performance mais encorpada e volumosa, trazendo um clima mais roqueiro de seu novo EP Collecture. Ainda assim, a faixa mais comemorada foi a dançante Full of Grace, retirada do primeiro trabalho da banda, Welcome to Jalva, lançado em 2011.

Em seguida, foi a vez do duo brasileiro Aldo, The Band comandar a festa com seu som enérgico e que pode lembrar bastante alguns nomes dos primórdios do Dance Punk, como LCD Soundsytem, The Rapture e Le Tigre. Aos poucos, quem estava perambulando pelas dependências do hangar começou a se arrebanhar perto da grade para ver o que André e Murillo Faria aprontavam em cima do palco. Entre faixas de seu primeiro EP Sunday Dust e outras inéditas, a dupla conseguiu botar o pessoal para dançar, em um dos shows mais animados de todo o evento. Uma pena ter sido tão curto.

A partir daí, a noite já havia chegado e a iluminação do palco começava a se mostrar. Citizens! abriu o começo da tríade inglesa que dominou o ambiente a partir de então com uma apresentação animada e muito dançante. O vocalista Tom Burke impressionou quem ainda não conhecia a banda e se mostrou bem comunicativo, arriscando um português, puxando alguns coros de “Oooh yeah!” e até mesmo chamando os espectadores para acompanharem o refrão de True Romance, “Quero que todos aqui gritem os mais alto possível. Estou aqui para festejar”.

As faixas Ligthen Up, Caroline e Let’s Go All the Way foram outros destaques do set de alta octanagem do grupo. Entre fãs e curiosos, grande parte do público do festival já parecia estar dentro dos portões e a postos para ver o quinteto tocar.

George Reid, metade da dupla AlunaGeorge parece não ter desembarcado no Brasil, mas Aluna Francis segurou a bronca sozinha e muito bem. A moça deu um show de simpatia e mostrou que a voz e alma do duo são suas. A parte de Reid ficou a cargo de um duo de músicos, um na bateria (o que deixava as faixas ainda mais pulsantes) e um responsável pelos sintetizadores e samples. O R&B visto no álbum Body Music se mostra ainda mais potente ao vivo e capaz de hipnotizar em um transe, como aconteceu em Best be Believing, Attracting Flies e Kaleidoscope.

Com um bom domínio do palco, Aluna cantava e dançava de forma sensual, durante toda a curta apresentação. Entre as dez faixas tocadas, houve espaço para a nova Supernatural (que provavelmente fará parte do próximo álbum do duo) e White Noise, gravada em parceria com o duo Disclosure e que transformou o hangar em uma verdadeira balada. You Know You Like It fechou o ótimo espetáculo de Aluna e até fez o público acompanhar ótimo o refrão da música.

Contando que grande parte das pessoas estava lá somente para ver Elly Jackson e seu La Roux, pode-se dizer que a moça já chegou com o jogo ganho. Sem grandes surpresas, ocorreu tudo como previsto: a banda tocando em cima das bases de seus dois álbuns e o público curtindo muito a primeira e tão aguardada passagem de Jackson pelo país. Entre músicas de seu disco homônimo (2009) e seu mais novo lançamento, Trouble In Paradise, todas elas pareciam estar na ponta da lingua dos fãs que parecia comemorar loucamente cada nova faixa.

Elly manteve-se reservada durante boa parte de sua apresentação, tendo uma interação muito tímida com a plateia. Outro fator que ficou evidente e que parecia ser um dos tópicos mais discutidos durante todo o dia era o playback que a moça usa em suas performances. Ela os usou, mas não deixou de soltar o gogó também. Apesar de nem tudo ser ao vivo, o show não foi arruinado ou houve a sensação de “trapaça”, ainda assim, ele perdeu um pouco daquela sensação de espontaneidade que se espera.

Entre os destaques do set, faixas como Bulletproof e In For The Kill foram as mais ovacionadas; Let Me Down Gently, Kiss And Not Tell, Cruel Sexuality, Fascination, Quicksand e I’m Not Your Toy também renderam momentos animados, que deixou ainda mais claro os cinco anos que separam suas duas obras foram um período de crescimento pessoal e musical para Elly, que agora não precisa mais apelar para os hits instantâneos para montar um bom set.

Interessado em trazer bons nomes e não artistas hypados, MECA firmou-se como uma interessante alternativa a quem geralmente não gosta de festivais lotados. Somando mais acertos que erros, o festival conseguiu oferecer ao seu público uma ótima experiência e bons shows, é claro.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts