Hot Chip – Pitchfork Music Festival 2012

Ingleses aumentaram o som e fizeram o show mais dançante do festival, mesclando o novo trabalho com alguns clássicos que nunca podem ficar de fora

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Fotos: Monkeybuzz
Nota: 4.5

Rolou de tudo no Pitchfork Festival, às vezes chega a ser utópico ver tantos estilos diferentes convivendo em paz no mesmo final de semana e os mesmos fãs assistindo um show de Rap, outro de Rock e viajando no Dream Pop no dia seguinte. O show dos ingleses do Hot Chip foi um dos mais curiosos dentre os que pude assistir. Praticamente o festival inteiro foi lá para curtir e dançar, como se estivesse indo para uma balada ou algo do tipo. Era a apresentação mais cheia do dia, mas havia um bom espaço entre cada pessoa, propositalmente deixado para que todos pudessem se mexer à vontade.

Assim como grande parte dos artistas do festival, o Hot Chip acabara de lançar um disco, o incrível In Our Heads e preparara um show para apresentá-lo à plateia que para felicidade geral da música, recebeu muito bem todos os artistas que tocaram mais músicas novas do que antigas. No caso dessa banda, isso realmente não seria um problema, já que a nova obra briga pela primeira posição entre os cinco álbuns da banda.

Os sete músicos entraram no palco e é muito curioso observar, que quem não conhece muito bem a fisionomia deles, nunca imaginaria que o franzino e baixinho Alexis Taylor, além de vocalista, lidera a banda e tem uma presença de palco como poucos, empolgando ainda mais a plateia. O simpático Al Doyle também ocupa seus espaços de maneira incrível, revezando entre a guitarra e a percussão e sempre sorrindo como uma criança feliz a cada reação mais calorosa do público. Estas trocas de instrumentos entre os integrantes é algo muito curioso, pois a impressão é de que todos tocam tudo perfeitamente bem e escolhem no par ou ímpar, quem tocará o que em cada apresentação.

O fato de ser uma banda, com muitos músicos e instrumentos comuns, mas ser conhecida pela música eletrônica, assim como a saudosa LCD Soundsystem de seu padrinho James Murphy, nunca deixará de ser algo muito curioso e genial de se observar. Fato, aliás, que torna muito difícil de classificar a Hot Chip em um único genêro, tornando qualquer tentativa,] muito restrita ao som inventivo feito por eles. Outra curiosidade é ver muitos garotos sem o estereótipo de quem gosta de dançar se divertindo aos montes ouvindo o show, provando que o som da banda ultrapassa qualquer classificação.

Um dos primeiros singles do grupo, Over and Over, foi o momento , com todo mundo dançando, abraçando os amigos e cantando alto, em um momento de pura felicidade e bonito de se ver. Agora na minha opinião, o ponto alto da apresentação foi o hit Ready For The Floor, que não está entre as minha preferidas da banda, mas que ao vivo ganha um poder difícil de ser descrito em palavras. A faixa perdeu um pouco de sua “artificialidade” de alguns elementos mais sintéticos e passou a ser mais humana e maravilhosamente Pop, no melhor sentido da palavra, com direito a Alexis apontando o microfone para o público que cantou em coro.

As músicas do novo disco ainda pareciam não terem sido cem porcento digeridas pelos fãs, que não conheciam as letras, mas como já disse, dançavam felizes sem se importar. À exceção das animadas How do You Do? e Don’t Deny Your Heart, que ficaram ainda mais legais em suas versões ao vivo e eram conhecidas por boa parte dos que estavam próximos a grade do palco. Minha decepção pessoal foi com a ausência da linda balada Look At Where We Are, mas que entendi perfeitamente que não se encaixava na proposta do show e por isso foi deixada de lado.

Talvez quem for apresentado à Hot Chip ao vivo, quando ouvir o disco, levará um tempo maior para digeri-lo, já que as canções gravadas possuem uma complexidade um pouco maior do que quando tocadas para grandes plateias. Realmente, eles estão um andar acima no pedestal de bandas maduras mas absolutamente criativas e que se reinventam a cada lançamento. Ao vivo, as músicas parecem ter ainda mais poder e serem feitas para quem já as conhece da versão de estúdio poder dançar e curtir o momento maravilhoso.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.