The Gift – Sesc Pompeia, São Paulo

Banda portuguesa apresenta suas composições em um completo espetáculo de dois atos: um preto e branco, outro cheio de cores – visual e sonoramente

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Nota: 4.5

Quando The Gift subiu ao palco do Sesc Pompeia naquele sábado, havia certa cumplicidade entre o público e a banda portuguesa, que se apresentava ali pela segunda noite seguida. “Já reconheço algumas caras”, disse Sónia, a vocalista, sorrindo para a plateia, “quer dizer que já temos alguns fãs”.

Todos, os quatro da banda e os músicos de apoio, vestindo preto, deram início ao concerto com as músicas de seu mais recente disco, Primavera. Como disse Nuno, o tecladista, são canções “cinema mudo”, em preto e branco e com forte carga dramática. A apresentação aí tem tom teatral, em volta do imponente piano de cauda, pela interpretação latente dos músicos e os temas ali cantados.

Foi tudo montado como se estivéssemos na sala da casa deles, como foi contado entre as músicas. E essas conversas todas surgiam em todos os intervalos, nos quais os músicos contavam sobre o que aquelas canções significavam para eles e seus trechos favoritos.

Conto isso para ilustrar o que foi não só aquele primeiro ato do espetáculo, mas o que ficou marcado de toda a noite. Sim, esta primeira parte era dedicada a um momento de maior intimidade com o público na qual os artistas mostravam a importância que suas composições tem – isso de acordo com o próprio grupo. Porém, ao meu ver, o próximo momento também serviu para justamente isso.

Rapidamente, todos os músicos se retiraram do palco e voltaram com figurino cheio de cores e a capa do álbum Explode como fundo. Foi a hora em que as faixas agitadas, dançantes e também muito coloridas tomaram conta do show.

E ver como todos eles de fato gostam daquelas músicas faz parte do espetáculo. Não que seja difícil ser agradado por aquelas composições – longe disso, elas são ainda melhores ao vivo -, mas é diferente ver uma banda tocando algo bom e uma que toque algo bom que goste de verdade. “Os Gifts”, como eles se apelidam, estão felizmente no segundo grupo.

Ao final de tudo, o que ficou da experiência foi isso. Foi ver uma banda excelente que faz de fato o que gosta e não tem medo de mostrar essa realidade em sorrisos e dancinhas. De alguns lugares do ambiente, o som ficava um pouco embolado e os intervalos entre as músicas poderiam ter sido mais curtos em alguns momentos, mas isso pouco importou após uma esplêndida cover de Índios, da Legião Urbana, no bis (“Nossa homenagem ao Brasil”) e a avalanche emocional e colorida que The Gift despeja de cima do palco.

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ARTISTA: The Gift
MARCADORES: SESC Pompeia

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.