Thievery Corporation – Lollapalooza 2012

Com uma grande variedade de instrumentos e estilos em suas composições, a banda marcou presença na tarde do segundo dia e se tornou uma das boas surpresas para quem procurava conhecer novos sons no festival

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Fotos: Dave Mead
Nota: 4.5

O Thievery Corporation é o tipo de banda que faz todo um festival fazer sentido. Mas qual é o sentido de um festival? Principalmente celebrar a música ao vivo, dando oportunidade a um público heterogêneo de conhecer bandas e músicas novas. O Thievery é o tipo de banda que a maioria das pessoas do Lolla não conhecia, mas e daí? A banda cumpriu o seu papel e fez um show que agradou o público, dando uma ótima sequência para a grande festa que o Gogol Bordello havia iniciado.

Já tinha visto o show da banda uma outra vez, em um festival em Lisboa, e sabia o que esperar: além do básico de uma banda, tínhamos um DJ, percussão, instrumentos de sopro, uma kitara (?!), vários vocalistas e músicas de apelo a tudo e a todos. Desde de jazz, funk, groove, rock até dub, a banda passa com uma naturalidade por diversos ritmos musicais . É impressionante, parece que estamos diante de várias bandas ao mesmo tempo. Vendo tudo isso ao vivo, um amigo meu comentou: “cara, esse é o tipo de banda que eu queria formar” – e quem não gostaria?

O projeto é formado pelo duo Rob Garza e Eric Hilton (com só o primeiro presente no Brasil), e os produtores estão na estrada desde 1995, com seis álbuns e uma banda itinerante que muda de show em show. Concentrado em músicas sobretudo do seu último trabalho, Culture of Fear e na musicalidade de uma de suas várias vocalistas, a brasileira Karina Zeviani, a banda não precisou recorrer aos seus maiores hits para ganhar o público. Tirando Lebanese Blonde, com sua maravilhosa kitara, e Warning Shots, ambos hits da banda, o Thievery jogou ao público o seu reperório diversificado sem precisar recorrer ao óbvio. Isso só faz o público admirar mais o show e o trabalho dos caras, pois mostra que este é o tipo de banda que consegue se adaptar aos mais variados ambientes usando o que tem de melhor. Como analogia, podemos imaginar o duo como técnicos de futebol, com um grande plantel à sua disposição e a possibilidade de usar o melhor esquema tático para ganhar o jogo – nesse caso, o público brasileiro.

Canções famosas do grupo como Amerimacka, La femme Parallel e Shadow of Ourselves não foram tocadas e, mesmo assim, não fizeram nenhuma falta ao show. A presença de palco da banda como um todo, principalmente do baixista que não para um segundo e dos dois vocalistas com uniformes psicodélicos que fariam inveja ao mestre Jimmi Hendrix, conseguiu manter os motores ligados no ritmo que predominou neste domingo de Lolla. Em um show/documentário da banda, uma das vocalistas diz que a Thievery Corporation tem pessoas do mundo todo: Brasil, Argentina, França, Irã, EUA, Colômbia, e que eles são como as Nações Unidas, exceto que não existe nenhuma arma envolvida, a paz vem em forma de música. Foi isso que vimos no show nesse domingo, uma mistura de ritmos feitos por uma big band com um único fim, celebrar a música. O melhor de tudo é saber que o próximo show deles será totalmente diferente, itinerante e adaptativo. E quem sabe você não descobriu o seu novo vício musical, sem querer, em um festival? O último álbum e a coletânea deles são um bom começo, fica aí um conselho.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.