Popload Festival – Especial Yuck + The xx – HSBC Brasil, SP

Sem Daniel Blumberg, grupo faz show tímido e trio inglês incendeia a noite com hits minimalistas tão aguardados pelos fãs brasileiros

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Fotos: Fabrício Vianna/ Popload Gig
Nota: 4.0

Yuck

Que a maioria do público que estava na noite de sábado no HSBC Brasil em São Paulo estava para o The xx era de conhecimento de todos. Porém, que tão pouco estariam para ver o Yuck foi a surpresa.

Em sua segunda vinda para o Brasil (a primeira em uma casa meio bar meio lounge), a banda tinha como principais novidades a nova formação – com a saída de Daniel Blumberg dos vocais e guitarras e a entrada de Ed Hayes nas guitarras e Max Bloom tomando conta dos microfones.- e a nova sonoridade de seu novo álbum, que deixava de lado o Noise à la Dinosaur Jr. e Sonic Youth e vinha para um lado mais Pavement e My Bloody Valentine. Todos esses eram ingredientes novos e que seriam observados pelo público em uma apresentação ao vivo, que serviria para identificar uma sinergia com essas alterações.

De maneira tímida, o grupo apresentou três músicas do segundo disco, sendo elas Rebirth, Middle Sea e Lose My Breath, deixando o resto do setlist por conta das canções do álbum de estreia e de Age of Consent – um cover de New Order. Setlist esse até que curto, o que fez o show ter menos de uma hora de duração. A justificativa pode ser tida como pela banda não ser o headliner, mas mesmo assim é um certo desperdício não dar ao menos uma hora de show para o grupo.

Sobre as alterações de formação, o novato Ed pareceu bem enturmado na timidez do grupo e conseguiu dar conta das bases e horas de alguns riffs principais das canções. Quanto a readequação dos vocais de Daniel, o quarteto conseguiu adequar bem essa responsabilidade para Max (e Mariko, que assumiu The Wall) de uma maneira que passou confiança no que estavam fazendo e não desapontou os – infelizmente- poucos interessados no show da banda.

No geral, tivemos um quase pocket show, que fez os fãs de Yuck cantarem junto Get Away, Georgia Holing Out e Operation, e sentirem como está funcionando os rearranjos sem Daniel e já ir se familiarizando com esse novo formato físico e sonoro do novo álbum. Uma pena que o som estava muito baixo (principalmente da guitarra de Max Bloom) e que tão poucos estavam lá para curtir o show do grupo, o que o fez menos intenso e animado do que poderia ser.

(Por Vitor Ferrari)

The xx

O grande intervalo entre o fim da fugaz apresentação do quarteto de guitarras distorcidas abria espaço e aumentava a temperatura até as fatídicas 23h em ponto para que começasse o show do aguardado trio inglês, The xx. A cada mudança e revelação no palco, o público já emitia seus sinais de animação até que cinco minutos após o horário marcado, tudo se escuresceu e os músicos adentraram de vez ao palco em clima de mistério.

Assim como no Rio de Janeiro, a trinca iniciou sua tão aguardada apresentação com a não tão popular faixa Try, mas que já despertou o delírio dos ensandescidos fãs do gargarejo ao fundo. Em seguida, um combo já de hits conhecidos de seu primeiro disco de 2009 veio com um injeção de ânimo redobrado logo na abertura: Heart Skipped A Beat, Crystalised encheram a boca do público com as letras que estavam na ponta da língua para serem cantadas a plenos pulmões já há um bom tempo.

Uma das principais questões debatidas sobre a vinda do grupo foi seu alto valor de custo – a explicação da Popload mais rápida sobre foi o diferencial da iluminação, que custou mais que trazer os próprios integrantes pra cá. Apesar do salgado custo, a experiência com leds, mapeamentos de céu, referências ao X tão presente no material do grupo e uso da luz de maneira artística proporcionou a plateia uma experiência totalmente ampliada do show e que casa plenamente com a estética minimalista e cuidada da banda.

Faixas como Shelter, VCR, Night Time e Islands foram altamente ovacionadas pelos paulistanos, deixando surpresos os artistas do Reino Unido que já esperavam por um bom retorno, mas não por um público tão dedicado às suas canções. Entre agradecimentos específicos e confrontos sedutores de guitarra e baixo de Romy e Oliver é que ambos agradeciam e anunciavam que seu último show da turnê seria ali e a partir daí, um novo tempo seria dado para criar novas músicas.

O ambiente que permanecia como uma sauna de tão quente parecia não afetar o sentimento de felicidade e gratidão por aquele show que estava há pouco para terminar, sendo Infinity a música antes do Bis. Sem muita enrolação, Jamie e os demais retornaram e entoaram as derradeiras Angels, single principal de Coexist, e Intro, faixa instrumental muito marcante que abre o primeiro registro em álbum do grupo. Visivelmente emocionados – tanto com o público quanto com a pausa indeterminada – é que o minimalismo incandescente deixou apagar sua chama no fim do mês de outubro, mas com sensação de dever cumprido, aparentemente para ambos os lados.

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ARTISTA: The xx, Yuck

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.