Criolo – Cine Joia, São Paulo

Mais uma apresentação do rapper mostra que seu reportório não perdeu o frescor em três anos

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Fotos: Lucas Cassoli/Monkeybuzz
Nota: 4.0

Diferente do que geralmente se espera de um show de Rap, ao invés de ter somente um DJ acompanhando o MC criando o fundo musical para suas rimas, Criolo usa uma banda completa composta por baixo, percussão, bateria, guitarra, DJ e tecladista (responsável também por comandar o MPC em algumas das faixas). Se você viu algum dos inúmeros shows do músico desde o lançamento de Nó na Orelha (2011) sabe muito bem o que esperar: ótimos músicos em cima do palco, Criolo e DJ Dan Dan comandando a festa, além de, é claro, ótimas poesias cadenciadas nas rimas do Rap. Um show completo que se mantém tão potente quanto era há três anos, por mais que pouca coisa tenha mudado desde então.

Nem mesmo o atraso de aproximadamente 45 minutos esfriou o público, que já arriscava uns passos de dança com a ótima seleção musical que rolava antes da entrada dos músicos. Samba, Hip Hop, Afrobeat, Rock, Reggae – uma mistura de tudo que compõe a obra de Criolo servia como uma espécie de aquecimento para o que rolaria dali a alguns minutos. De repente, a música cessou e os músicos subiam o palco, cada um assumindo sua posição. Kleber Cavalcante subiu por último, depois de se benzer e assumiu o centro do palco. Ali, começava mais uma ótima apresentação do rapper.

A entrega do músico é, sem dúvida alguma, um dos pontos mais altos da apresentação. Cantando, fazendo suas danças nada usuais, agradecendo após cada faixa e conversando com o público não só com sua música, Criolo conseguia criar um senso de comunhão. Cada faixa parecia algo que não só emanava do rapper e de banda, mas de todo os presentes que já sabiam e acompanhavam cada verso. Como disse DJ Dan Dan em um ponto do show, a apresentação era uma troca de energia. Um tipo de empatia que poucos artistas desenvolvem.

O repertório não apresentou nada de muito diferente. Novos e antigos singles (com destaque para Duas de Cinco abrindo o show e Vasilhame fechando), alguns poucos momentos tirados do disco Ainda Há Tempo (2006) (É o Teste, Demorô e faixa-título) e o restante baseado no ótimo Nó Na Orelha. Novamente, os pontos mais altos (e de certa forma arrebatantes) foram marcados por singles como Subirudoistiozin, Não Existe Amor Em SP e Bogotá, e ao se olhar para os lados nestes momentos não se via uma pessoa sequer parada ou sem acompanhar o rapper pelo menos no refrão. Grajauex, conduzida por rimas fortes e pelo MPC conduzindo a parte instrumental, também marcou o show com um de seus momentos mais memoráveis.

Potentes e empolgantes, seus shows mostram que mesmo tendo se passado quase três anos sem nenhum lançamento ou grandes novidades, seu mais recente disco ainda rende bons espetáculos. Em parte, a “culpa” disso é do público, que faz das apresentações de Criolo um momento de comunhão, algo que parece transcender a própria música.

Setlist

  1. Duas de Cinco
  2. Subirudoistiozin
  3. É o Teste
  4. Freguês da Meia Noite
  5. Não Existe Amor Em SP
  6. Sucrilhos
  7. Samba Sambei
  8. Lion Man
  9. Demorô
  10. Grajauex
  11. Cóccix-Ência
  12. Linha de Frente
  13. Bogotá
    Bis
  14. Ainda Há Tempo
  15. Vasilhame

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ARTISTA: Criolo
MARCADORES: Cine Joia

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts