MECAPresent SP – Grand Metrópole, SP

Embora divertida, edição paulista do festival deixou a desejar em questões técnicas e de logística

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Fotos: Fernando Galassi/Monkeybuzz
Nota: 3.5

2014 foi o primeiro o ano que o famoso festival gaúcho Meca teve edições fora do Rio Grande do Sul. Com show marcados no Rio de Janeiro e São Paulo, o evento é famoso por integrar em seu line up bandas com hype, explorando bastante os gêneros dentro do Indie, como Vampire Weekend, Mayer Hawthorne e Two Door Cinema Club. Nesse ano, o festival resolveu concentrar suas atrações gringas mais no campo do Indie Pop e Electro Indie, trazendo como os nomes mais relevantes da noite Charli XCX e Friendly Fires. Savoire Adore e Klangkarussell também agitaram a noite, porém trouxeram menos entusiastas em razão do horário no qual se apresentaram (ou muito cedo, ou muito tarde).

Sobre a ambientação do evento, é possível dizer que definitivamente houve um esforço na tentativa de caracterizar o Grand Metrópole a ponto de proporcionar a experiência de um festival. Porém as ações de marketing, barracas de comidas variadas, possibilidade de tirar fotos de Polaroid providas por marcas diversas, entre outros, não foram capaz de tirar o status de que o evento em questão era apenas um show de duas bandas, não um festival. Não que isso seja o maior dos problemas, porém seria prudente uma maior discussão de logística sobre o local. Outro fator que acabou prejudicando a experiência da noite foi o horário. Considerando que era uma sexta-feira, e as pessoas rumaram direto de seus trabalhos para o Grand Metrópole, talvez fazer o festival no sábado e com horários mais cedo seria mais válido, uma vez que as pessoas já aparentavam estar bem cansadas tanto para o show de Charli XCX (00:20) como o de Friendly Fires (02:00). Fora que presenciamos alguns atrasos, deixando as pessoas mais exaustas ainda.

O show de Charli XCX começou de forma bem explosiva, dando ao espetáculo o status de melhor show da noite. A presença de palco da cantora realmente conseguiu deixar uma boa parte do platéia mais animada e dançante. Embora as atenções estivessem mais voltadas para Charli, as belíssimas integrantes da banda de apoio também contribuíram para a performance, principalmente a baterista, que sacodia os cabelos lembrando o estilo Punk de Meg White. O setlist foi recheado com músicas do disco mais recente, True Romance e contou até mesmo com covers de I Want Candy, de Bow Wow, e I Love It, de Icona Pop. Charli ganha respeito por traduzir o conceito de seu disco em uma experiência totalmente diferente do que sentimos ao escutar o disco em nossos iPods. Tudo é amplificado.

Depois de um atraso considerável, começava o show de Friendly Fires, que tinha tudo para ser um show que continuaria com a energia deixada por Charli XCX, porém não obteve sucesso. Óbviamente, o show do grupo empolgou muitos presentes e, afinal, era a expectativa depois do agitado show na primeira edição do Lollapalooza Brasil, em 2012. Mas por mais que as danças do vocalista levassem a galera ao delírio, parecia que era um delírio efêmero. Dava para medir isso pelos gritos das pessoas, que não ultrapassava a marca dos cinco segundos. O que acabou prejudicando o show é, novamente, a questão do tempo. Duas da manhã, pós-trabalho e pós-show de Charli XCX acabaram trazendo uma plateia exausta. Fora que tivemos alguns problemas técnicas, no que diz respeito à distribuição de som e volume dos instrumentos. Sobre o setlist, nada muito fora do comum: uma lista de músicas que abrangia tanto o primeiro disco como o mais recente, Pala. Um show que agitou os mais adeptos da banda, mas não conseguiu trazer a mesma emoção para os desconhecedores do conjunto.

Somando todos os parâmetros, o MecaPresents SP sai com um saldo positivo, porém podendo ser bem maior se não fossem estas questões técnicas e de logística. Valeu a pena a compra do ingresso mais pela oportunidade de ver essas bandas ao vivo, do que pela perfomance em si. Esperamos que as próximas edições do festival fora do Rio Grande do Sul mantenham a qualidade do evento original.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique