Mac DeMarco no SESC Belenzinho, SP

Músico cria empatia instantânea com o público e revela suas composições na segunda noite consecutiva na cidade

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Fotos: Fernando Galassi/Monkeybuzz
Nota: 4.5

“É estranho fazer um segundo show no mesmo lugar, mas vamos nessa”, disse Mac DeMarco ao subir no palco do SESC Belenzinho para sua derradeira apresentação na capital paulista, transformando o espaço tão organizadinho em um bar de beira de estrada com uma banda (naquele naipe boné e camiseta) tocando em meio à fumaça, como em alguma cena de um road movie independente.

Como já esperávamos, as guitarras se juntam a toda a irreverência do canadense (se você já procurou seu nome no Google, sabe do que estou falando) desde a hora em que ele aparece até a despedida. O show começou da mesma forma que seu álbum 2, com a celebrada Cooking Up Something Good, que revelou o tom que a noite teria, tanto pela versão adaptada para o ao vivo, quanto pelo arroto proferido pelo músico logo após o último acorde – estávamos entre amigos, essas coisas acontecem.

E a vibe é essa, aquela intimidade que você não pediu pra rolar, mas curte que ela exista. O povo jogava presentinhos no palco e Mac agradecia atendendo a pedidos (como quando alguém disse que queria Annie e ele olhou para a banda com cara de “ok, why not?” e eles tocaram essa) e criando um concerto ainda melhor do que o esperado, seja por quem já tinha visto na noite anterior (com um repertório levemente diferente) ou quem finalmente conseguia ver o músico ao vivo.

Além de faixas de seus trabalhos já lançados, o repertório concentrava algumas músicas de Salad Days, seu próximo álbum, que – como ficou claro do início ao fim do show – grande parte do público já tinha aproveitado o “vazamento” do disco na Web. Mac não escondeu que sabia disso e conduziu essas composições sem esconder o privilégio que tínhamos ao ouvi-las em primeira mão.

Os pontos mais altos? Brother e Ode to Viceroy, com direito ao público “cantando” os solos de guitarra, além da celebradíssima My Kind of Woman (que não rolou no show de quarta-feira), um momento super romântico do músico, que quase nos convence que tem um lado “fofo”, mas só consegue transparecer o quanto é sacana.

Afinal, “sacanagem” é um bom termo para descrever não só seu senso de humor, mas também a maestria com que o cara conduz o espetáculo que faz com os três outros músicos (seus “parceiros no crime” também na hora da zueira, principalmente o baixista). Mac é aquele cara em uma festa que te fez rir na hora em que vocês foram apresentados e os dois viraram melhores amigos de primeira. Naquela noite, o canadense ganhou algumas centenas de amizades.

Só assim pra explicar o clima tão “em família” das brincadeiras e confissões ao microfone, ou da enorme jam no bis, como quem está enrolando por não querer ir embora, até mesmo nos abraços, fotos e autógrafos lá fora após o show. Jogando cerveja pra quem estava na plateia, rindo e fazendo rir, DeMarco mostrou que aquilo que ouvimos nos discos ganha ainda mais força no palco.

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ARTISTA: Mac Demarco
MARCADORES: SESC Belenzinho

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.