A Perfect Circle: Clima sombrio e soturno marca a noite de sábado no Jockey Club

Pela primeira vez no Brasil, supergrupo cria atmosfera hipnótica para o público que escolheu ver uma atração de som mais denso

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Fotos: Fernando Galassi / Monkeybuzz

Já era noite no Jockey Club e se aproximava o final do segundo dia do festival. Mas antes, no palco Butantã, ainda tinha uma apresentação para o fãs de um som mais pesado. Era a vez do supergrupo A Perfect Circle subir ao palco com seu Industrial/Metal Alternativo. No início: breu. Eis que as luzes em tons de roxo se acendem, menos em Maynard, que permaneceu em escuridão em meio a sombras durante todo o show. Em cima de três plataformas que simulavam caixas, Keenan, o lendário James Iha, e Jeff comandando as baquetas. No nível do palco, Billy Howerdel e Matt.

Logo após as luzes e os gritos do público, a banda iniciou o set com o teclado e voz sussurrada de Annihilation, cover de Crucifix. Logo depois, veio em português um “boa noite” à cidade de São Paulo. Outro cover deu prosseguimento ao show, Imagine, de John Lennon, que, enquanto era executada em sua versão soturna, era ilustrada por imagens de rebeliões e ditadores, trazendo uma boa interpretação da letra eternizada na voz do ex-Beatle.

Só então que vieram as primeiras músicas de autoria da banda, os singles Weak and Powerless e The Hollow, que fizeram com que o fãs saíssem do estado hipnótico para entrarem no de euforia. Tudo isso enquanto Maynard se mantinha em sua pose sóbria – com seu pedestal de microfone em meio à escuridão – quase que estática, onde se movia apenas para alguns gingados vez ou outra, ou para “reger” as palmas da platéia usando uma baqueta em um certo momento do show.

Nessa altura da apresentação, o público já era bem maior. As explicações para o fato podem ser vindas de ou o público que veio do show do Queens of the Stone Age chegou à procura de uma musicalidade também mais encorpada, ou, simplesmente por se sentir atraído pelo bom som da banda ao passear pelos outros três palcos que estavam em atividade.

O supergrupo ainda apresentou uma música “nova”, By and Down. Escrevo entre aspas pois a canção é de 2011, mas foi declarada pela banda como nova tanto por não estar presente no último CD, quanto por ser a primeira execução aqui, visto que era a estreia de A Perfect Circle em terras brasileiras. A música manteve o mesmo estilo já caracterizado pelo grupo, e mesmo sendo novidade para a maioria, se encaixou muito bem no set e agradou o público.

Chegando ao final do show, Counting Bodies Like Sheep to the Rythm of the War veio acompanhada de mais um video de protesto e alerta, dessa vez contra a alienação da mídia e o governo belicista de George W. Bush, em forma de desenho animado no telão do palco. Para encerrar, a banda veio com o hit The Outsider, que, mesmo com um problema na guitarra de Howerdel, foi solucionado instantaneamente com a troca do instrumento e não atrapalhou a execução.

Todas as transições de uma música para outra foram muito bem trabalhadas, sendo muitas vezes usado o artíficio de gravação de riff no pedal de guitarra para a troca de instrumento, a fim de não desmontar o clima envolvente e que se fez um ingrediente essencial para a performance da banda. Ao final, agradecimentos, inclusive de joelhos e com sinal de reverência com as mãos por parte de Billy, que foi o mais afável dos integrantes. Os demais mantiveram a sobriedade gélida imponente que fazia parte da execução do show. E assim, calmamente, saíram do palco, para o final de uma boa apresentação para os fãs do gênero que ao término se ouvia comentando que a apresentação havia sido aprovada.

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Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).