Crystal Castles: Catarse Sonora Aliada ao Lado B da Música Eletrônica

O retorno dos canadenses ao Brasil junto a um novo repertório promete conquistar e surpreender os adeptos do gênero musical

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Tendo conceituado seu ideal musical ainda em pleno meio underground em 2004, Crystal Castles de fato pode definir a linha histórica de sua carreira em uma constante crescente. O 8-bit experimental e as batidas dançantes, soturnas e pesadas de Ethan Kath, que sempre se mesclaram aos vocais distorcidos e agudos rasgados de Alice Glass, se estabelecem hoje no mercado e com um grande público ao redor do mundo, tendo lotado plateias de festivais como Coachella, Reading, Lovebox, Bonnaroo, Glastonbury e Primavera Sound.

A musicalidade de seu disco homônimo, lançado em 2008, traz sua plena essência: A lúdica melodia facilmente associada a videogames das últimas décadas vem trançada a um visual sombrio, despretensioso e plenamente libertário ao trazer entre as letras rápidas as temáticas de dor, morte, vícios, doenças, vingança e o amor em um viés obscuro e desafiador.

A estética junkie e o posicionamento da dupla desde seu primeiro show foi de grande impacto e conquista aos poucos os fãs mais jovens, tanto pela curiosidade e estranhamento quanto pelas personalidade imposta nas composições plenamente rítmicas em grande parte do tempo.

Os álbum em sequência mostram que, apesar de já terem solidificado um nicho específico, Alice e Ethan ainda seguem experimentando, seja em vertentes voltadas a um Dream Pop Gótico, como vista em II ou direcionadas a sonoridades mistas, que variam na experimentação entre criações eletrônicas mais diluídas e hits pesados e invariavelmente recheada de ruídos, em seu último lançamento, III.

Apesar de não ter sido plenamente divulgado, o duo já passa pelo Brasil desde 2010, tendo se apresentado pelo Rio de Janeiro, Itú, e, mais recentemente, em Paulínia, como uma das atrações do SWU 2011 no primeiro dia do festival de viés sustentável. A tal última passagem de ambos pela nação foi comprometida por parte da organização, já que a banda teve seu vôo atrasado e não teve tempo de checar os equipamentos antecipadamente, gerando um bom número de problemas na hora e tendo sua setlist cortada pela metade, apresentando cerca de oito canções.

A empolgação de cada ritmo entoada pelos canadenses é elevada especificamente com a performance de Alice que não se inibe e se entrega ao seu público por completo: Seja dançando esquizofrenicamente, simulando desmaios e espasmos, ou entregando-se ao público em moshs sequenciais aos que se concentram mais próximos ao palco.

O retorno do grupo desta vez junto ao Lollapalooza promete uma preparação prévia maior e devidamente checada, além de trazer o novo repertório de seu último lançamento de 2012 como fonte principal de sua setlist. Como é de se imaginar, o que é ouvido no disco é diferente do colocado a público em um show ao vivo. Sendo assim, Crystal Castles definitivamente é um show voltado a quem se identifica com a música eletrônica em sua própria essência e se diverte em sentir a vibração e experiência do todo.

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Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.