Gary Clark Jr. mostra que é um dos maiores guitarristas da atualidade

Fãs de Jimi Hendrix, Eric Clapton e do Rock & Roll clássico não tiveram do que reclamar no início da tarde de sábado.

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Fotos: Fotos: Fernando Galassi / Monkeybuzz

Gary Clark Jr. já despontava como uma das atrações mais interessantes daquele que seria o dia mais roqueiro de todo o festival. Em um dia que o sol surgiu cedo, espantando a chuva que havia assolado e, atolado, a sexta-feira, o guitarrista tinha o terreno ideal para alegrar os fãs de Rock & Roll.

Com uma formação mais clássica que a de suas apresentações na Europa, sem backing vocals ou multi-instrumentistas, Gary apareceu com um “quarteto normal” para uma banda do gênero: duas guitarras, um baixo e uma bateria. Sem muita falação, o guitarrista jogava porradas musicais uma atrás da outra, ressaltando seu estilo Blues Rock/Stoner Rock. Aliás o show deve ter agradado tanto aos fãs de Queens of the Stone Age quanto de The Black Keys, com riffs viajantes e solos de guitarra intermináveis, sempre aplaudidos calorosamente.

Se não víamos seu lado mais R&B, algo presente em seu primeiro disco oficial, pudemos ver todo o seu trabalho anterior, contido em seus primeiros EPs e também em Blak and Blu. Faixas como Numb, When My Train Pulls In e Don’t Owe You A Thang faziam a alegria de todos os presentes, que ficavam boquiabertos com o talento do instrumentista, que lembrava os bons momentos dos grandes guitarristas do anos 1960 como Jimi Hendrix e Eric Clapton, este seu admirador convicto.

Foi, aliás, quando Gary tocou a sua faixa You Love Me Like You Say mesclada a um clássico de Jimi, Third Stone From The Sun, que o seu virtuosismo na guitarra despontou. Você sabe quando um guitarrista sabe improvisar quando ele começa com um riff, foge totalmente do esboço e faz com que o seu instrumento converse com o público, para que, seis minutos depois, o mesmo riff inicial seja retomado, no ritmo, e a canção finalizada com chave de ouro. O talento de Gary era tanto que os telões só mostraram a existência de um segundo guitarrista nos momentos finais de sua última faixa, Bright Lights – esta que, aliás, mistura todas as referências das raízes do Rock & Roll, em um Blues Rock à la os três primeiros discos da The Black Keys. Ao final, todos aplaudiram uma lição de musicalidade, um ótimo aquecimento para o que viria logo em seguida.

Talvez para os mais jovens, desacostumados com canções “viajadas”, baseadas essencialmente na orquestração musical e não na voz de um membro do grupo, tudo aquilo parecesse um pouco complexo ou parado demais. No entanto, Gary provavelmente tenha introduzido uma essência da música que para muitos havia se perdido ao longo do tempo.O mundo precisa de mais músicos como Clark, talentosos, humildes e que fazem a nostalgia de outros tempos voltar ser real.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.