The Flaming Lips faz fãs e não fãs sonharem acordados no primeiro dia de festival

Banda faz apresentação baseada no disco “The Terror” e apresenta seu som complexo a alguns fãs e ao público mais jovem do The Killers

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Fotos: Fernando Galassi / Monkeybuzz

É impossível para qualquer fã de música não se impressionar com a viagem proporcionada pela banda de Wayne Coyne na última sexta-feira. The Flaming Lips mostrou maturidade e respeito ao Brasil, fazendo show impecável e não subestimando os fãs ao apresentar seu disco novo, The Terror, quase que completo.

Acredito que a escalação de The Flaming Lips naquele momento específico, não foi a mais acertada, criando talvez o maior contraste das duas edições do festival entre os dois headliners do Palco Cidade Jardim, superando inclusive a triste dobradinha TV On The Radio e Foo Fighters no ano passado. Mesmo assim, a banda de Wayne Coyne não tinha nada a ver com isso e cumpriu brilhantemente seu papel naquele momento.

Talvez já entendendo que não era seu público usual que estaria por ali, o grupo optou por criar uma narrativa belíssima e completamente sensorial para sua apresentação. O disco The Terror, que pode ser considerado um grande pesadelo do gênio Coyne, foi o escolhido para dar a base de toda a experiência, enfeitado por uma ou outra faixa clássica, como Yoshimi Battles The Pink Robots Part 1 e One More Robot/3000-21, ambas do clássico e não menos viajado Yoshimi Battles The Pink Robots, de 2002, completamente inspirado pela atração do compositor por ficção científica e robôs que lutam caratê, inspirando bandas recentes como MGMT, Bon Iver e o Radiohead por exemplo.

Para curtir o show por completo, era necessário desligar-se um pouco da correria usual de festivais, hits e apresentações frenéticas e aceitar um pouco mais passivamente a história que Wayne coyne queria nos contar. Assim como um sonho, os elementos se misturam durante a apresentação, sem fazer muito sentido quando pensados logicamente, mas sempre nos marcando com um sentimento bom ou ruim ao final – e, no meu caso, foi ótimo. Melhor coisa foi poder desviar minha cabeça e pensamentos durante algum tempo e apenas curtir um bom momento de pura música, naquele final de semana tão intenso.

Para colaborar, o sempre peculiar vocalista completou tudo com seus diálogos com uma boneca que carregava no colo e que servia de fonte para os tubos de luz que iluminavam o palco. Além disso, ele conseguiu protagonizar uma das viagens mais loucas que já presenciei em um festival, nos fazendo imaginar os aviões chocando-se contra os prédios da cidade e nos incentivando a acenar para os pasageiros e fazer inveja em quem pousava em São Paulo naquele momento, por estarmos no Lollapalooza.

Seja pela execução impecável das faixas, pela escolha do setlist ou pela apresentação amorfa de The Flaming Lips, eu sei que presenciei algo diferente. Ponto para o Lollapalooza Brasil e para Wayne Coyne, se é que este precisa de mais créditos na vida.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.