A série 5pra1 apresenta e destrincha cinco discos que servem como primeiro mergulho na obra de um artista.
O barulho do trânsito no cruzamento das avenidas Santa Fé e Coronel Díaz, no bairro de Palermo, é um lembrete permanente de que este é um lugar de agito em Buenos Aires. É no referido endereço, em um edifício clássico de sete andares, que mora Charly García, um veterano de 72 anos que agora vive dias mais serenos. Quando fui até lá, em agosto de 2023, ele não estava em casa. A imprensa argentina noticiava que o cantor havia sido levado ao hospital para fazer exames — sorridente, só retornaria alguns dias depois. Com frequência, posa para fotos em sua cadeira de rodas. “Ele é mais que um poeta, é um gênio”, lembro de ouvir dizer de uma turista chilena que passava por ali. A cena, um gesto que remete à peregrinação, se repetiu outras várias vezes.
Imersos a reboque nesse universo, os vizinhos parecem já acostumados, inclusive, com as pichações feitas à luz do dia em sua porta. Nas paredes, grades e até mesmo no piso que reveste a parte externa da portaria, estão declarações que formam um emaranhado de caligrafias. “Charly, sos mi Dios”, lê-se em uma delas. Logo ao lado, destaca-se um lambe-lambe, que substitui o rosto de Jesus Cristo pelo seu. Antes de ir, o autor deste texto não resistiu e procurou uma fresta para escrever algo. Só havia espaço no chão.
Em um emblemático perfil publicado pela revista Rolling Stone Argentina, em 2008, a escritora Mariana Enríquez tratou de reconstruir o personagem, o mito e o homem que coabitam em García, então dono de opiniões ferinas sobre a indústria pop. Artisticamente, sua mente parecia obnubilada. A autora registra, por exemplo, como foi o turbulento processo de gravação do disco Kill Gil (2010) e suas exaustivas edições, atravessadas por comentários desiludidos. Lembra também que o cantor “brigou com todo mundo”. Sobrou, inclusive, para a islandesa Björk, que o recebeu no camarim do show que realizou na capital portenha, um ano antes.
Prestes a interpretar o disco Volta (2007), acabou insultada por seu colega, sem entender uma única palavra em espanhol (“Disse que ela não chegava nem aos meus calcanhares”, recorda Charly). “O rock se transformou em uma cagada. Tudo acabou”, chegou a comentar ele. O benefício das contradições, as texturas, as rupturas e a capacidade de união contida em suas canções, por outro lado, não permitiram que o carisma se apagasse. Irônico, melancólico, mas nunca piegas, conseguiu fazer com que seu lirismo permanecesse irretocável.
As bandas Sui Generis (1969–1975) e Serú Girán (1978–1982), capitaneadas por García, emplacaram sucessos como “Canción Para Mi Muerte” e “Viernes 3:AM”, fazendo com que a juventude se curvasse ao movimento. Era a estreia de uma febre, uma nova paixão argentina que, entre Eva Perón e Diego Maradona, fincava raízes em um lugar híbrido, entre o pop e o alternativo. Nem tão grande, mas nem tão insignificante para ser ignorado, o artista formou uma dupla com Luis Alberto Spinetta, seu próprio ídolo contemporâneo. Adorado, o projeto Spinetta/García elevou expectativas e, no mesmo ano em que foi lançado, 1984, afogou uma legião de fãs em um oceano de frustração: os dois nunca lançariam um disco, limitando a existência aos palcos e a um compacto.
Em seguida, foi a vez de apadrinhar jovens nomes como Fito Páez e Fabiana Cantilo, de quem inicialmente morria de ciúmes. A estima para com Mercedes Sosa é que, sim, rendeu um disco (Alta Fidelidad, 1997) — um mergulho no próprio cancioneiro que quase enlouqueceu seu produtor, dada a inconstância com que comparecia ao estúdio. A amizade com la negra renderia um laço capaz de extrapolar a sinergia criativa. Eram família. “Se me colocassem contra a parede e pedissem pra escolher um filho favorito, entre Charly, León Gieco e Victor Heredia, escolheria Charly. Por quê? O Carlitos come tão pouco, isso me deixa com o coração saltando pela boca. Ele é o mais magrinho”, brincou Sosa, em entrevista resgatada no livro Y Un Millón de Manos que Me Aplauden (2023).
Esguio e livre, García circulou de modo que, mesmo hoje, mostra-se dispendiosa a tarefa de elencar tudo o que fez. Se na década de 1990 sua credibilidade foi posta em xeque por um giro criativo que deu origem a trabalhos mais experimentais, entre os quais está o trio La Hija de La Lágrima (1994), Say No More (1996) e El Aguante (1998), percebe-se que sua inquietação permaneceu sussurrando em nossos ouvidos, renunciando a toda e qualquer obrigação de prestar contas. Não o fizera sequer durante a ditadura argentina (1976—1983), que cercou sua geração de “dinossauros”, isto é, de milicos. “Durante esse período não tive medo porque eu era invisível. Eu os enganava muito”, disse certa vez.
Em outra conversa, com a mexicana Julieta Venegas, alegou, sim, ter sido perseguido pela polícia, mas no ano 2000. Por isso atirou-se do nono andar de um prédio em Mendoza. Diante das câmeras, caiu dentro da piscina e saiu ileso, escrevendo um episódio hoje mítico. São camadas e camadas de enigmas, formadoras de uma figura inconstante e, ao mesmo tempo, digna de fascínio, até mesmo por seu visual, marcado pelo bigode bicolor que é resquício do vitiligo. A seguir, revisitamos a primeira década de carreira solo do artista e as esquinas que o fazem ser quem é. Para Charly García, os anos 1980 simbolizam o apogeu de sua poética, calcada em um estilo narrativo que faz da cena urbana argentina a protagonista de crônicas vivas, em permanente atualização.
Pubis Angelical/Yendo De La Cama Al Living (1982)
“Passam-se os anos, os governos, os radicais, os peronistas, os verões, os invernos, mas ficam os artistas”, cantava com entusiasmo o argentino Enrique Piti. O caráter acelerado e cíclico da história argentina costurava ao ano de 1982, aos olhos de todos, uma série de tensões sociopolíticas. Enquanto a ditadura militar convulsionava sua derrota definitiva, as tropas locais desembarcavam nas Ilhas Malvinas para uma disputa armada contra o domínio do Reino Unido. Esse clima paradoxal, que estabelecia em um mesmo espaço a prevalência dos ideais de liberdade e a sensação de que bombas poderiam cair sobre Buenos Aires, deixaram García, ainda sob efeito da melancolia que marcava o fim das atividades do Serú Girán, com o ímpeto de construir seu próprio bunker. Foi em um estúdio de gravação na Rua Santa Fé em que o cantor, mais hedonista e reflexivo do que nunca, travaria a maior de suas guerras. O inimigo era ele próprio, imerso na tentativa de se encontrar. “Hoje estou como um jet / Pedido entre as nuvens e sem sinais para me localizar”, cantou em “Vos también estabas verde”.
Flertando com a new wave, o pop rock e até mesmo a métrica utilizada por Bob Dylan em Slow Train Coming (1979), álbum que ouviu à exaustão, o rockstar costurou um registro que vale por dois. No Lado A, estava a trilha instrumental do filme Pubis Angelical, composta na mesma época. Ao virar o disco, enfim, acessavam-se flashes de seu autoexílio, um emaranhado de questionamentos, ironias e sentimentalismo. Com a predominância de guitarras, diferentes pianos e sintetizadores, para além da icônica caixa de ritmos programável Roland TR-808 — a primeira do gênero a chegar ao mercado —, o projeto também o posiciona como um voyeur.
Ao flanar pelo próprio existencialismo e, por vezes, na tentativa de entrecortar a realidade é que apresenta faixas como “Superhéroes”, uma romântica leitura que faz das descobertas adolescentes — resquício também do novo mundo que se abria à juventude argentina dos anos 1980. Mais adiante, permite-se devanear um ataque aéreo em que as crianças de seu bairro, assustadas, terminariam se escondendo em canos. No mesmo percurso, Charly também rechaça a morte, a depressão e as agonias do passado ao reclamar a existência de uma efeméride festiva, declarando que “a alegria não é somente brasileira”. Transmitem mensagens similares três das últimas faixas, “Yo No Quiero Volverme Tan Loco”, “Canción de Dos por Tres” e “Inconsciente Colectivo” — esta última, aliás, revivida recentemente como trilha sonora do longa Argentina 1985, indicado ao Oscar. Em “Yendo De La cama Al Living”, uma canção que pode ser síntese de sua obra, fantasia e inquietação se esbarram a todo momento, traçando um paradoxo.
Destaques: “Yendo De La Cama Al Living”, “Yo No Quiero Volverme Tan Loco” e “Canción de Dos por Tres”
Clics Modernos (1983)
A imagem de García comandando um piano duplo e sua parafernália eletrônica no Luna Park, ao mesmo tempo em que canta e pula sentado, é um marco em sua trajetória pois exibe, in loco, o aprimoramento de uma sonoridade que se construía, de forma compatível, à velocidade da tecnologia. Para alcançá-la e coroar-se como um pioneiro, o cantor foi na contramão. Entendeu que, antes de acessar o “novo”, seria preciso retroceder. Quase como um acaso, Clics Modernos não havia sido concebido quando o autor decidiu passar uma temporada no exterior, onde compraria instrumentos. “Queria também um isolamento das coisas que me asfixiavam em Buenos Aires, porque os músicos que conquistam algum sucesso, como ocorreu comigo, tem duas opções: seguir à toda ou romper com isso e dar um jeito de mudar”, relatou à época, conforme consta em arquivos da revista Rolling Stone en Espanhol.
O LP foi gravado sob a batuta de Joe Blaney, produtor que já tinha experiência como técnico de som nos estúdios Electric Lady, de Jimi Hendrix. Na capa, Charly aparece sentado entre as esquinas Walker St. & Cortlandt Alley. Logo atrás, vê-se o personagem Shadow Man, criado pelo artista de rua Richard Hambleton — um símbolo da decadência e da escuridão que tomavam conta de todas as partes. Mesmo com o baixíssimo orçamento, a obra se revela pulsante e cumpre a função de imprimir, de forma definitiva, seu rosto nos anais daquela década. Mais do que promover uma revolução no rock em espanhol, Clics Modernos instituiu uma nova imagem para o artista, cuja principal contribuição artística, ao menos aos olhos do público, ainda estava nos anos 1970. A música de abertura, “Nos Siguen Pegando Abajo”, atrai a atenção do ouvinte tanto por seu caráter narrativo quanto pela polirritmia, que pulveriza brilho sobre a caretice castradora de tantos romances. Ao brincar com as fórmulas e ambicionar a confusão da expectativa alheia, Charly prossegue com “No Me Dejan Salir”, pop rock que se constrói em seis seções de acordes rápidos e que se embaralham, esquivando-se das obviedades estruturais de então.
A nostalgia e a possibilidade de descortinar um lado vulnerável reaparecem em “No Soy Un Extraño”, canção etérea que enlaça com delicadeza o synth pop e o tango. Na mesma linha, a balada “Los Dinosaurios” se firma como manifesto contra a tirania, debruçando-se sobre o drama dos desaparecimentos forçados pelo regime militar. Enquanto lista amigos, músicos, jornalistas e amores suscetíveis à barbárie, García explicita também sua visão da consciência: sob a perspectiva do inimigo, o desaparecimento não simbolizaria a morte, e sim a covardia da corroboração. O projeto se encerra de forma magistral com “Ojos de Video Tape”, mais um registro embalado ao piano em que discute a superficialidade fomentada pelos meios de comunicação — para si, um aspecto aniquilador da autenticidade.
Destaques: “Nos Siguen Pegando Abajo”, “No Soy Un Extraño”, “Los Dinosaurios”
Piano Bar (1984)
Com um álbum sendo lançado por ano, Charly García decidiu tensionar ainda mais seus limites criativos quando, passando férias em Belo Horizonte (MG), telefonou aos amigos portenhos pedindo que reservassem um estúdio. Eles deveriam esperá-lo no Aeroporto Internacional de Ezeiza, de onde partiriam, de mala e cuia, rumo a uma gravação ao vivo. Havia urgência e a palavra de ordem era improviso. Seu método, concebido em silêncio, consistiria em explicar, no ato, o que buscava transmitir com cada uma das novas faixas e deixar a banda livre para criar. Como lembra o jornalista Sergio Marchi, que o acompanhou durante décadas e publicou, em 1997, o livro de memórias No Digas Nada, essa receita foi batizada em 1987 como “a demo que vai se metamorfoseando” e faria parte de todas as suas gravações até o LP Say No More (1996).
Nem de longe um disco com pegada acústica e formado por sons abafados, como sugere seu título, Piano Bar trouxe um frescor inédito à produção de García ao honrar e dar continuidade ao estrondoso sucesso do antecessor. Se “Rap Del Exilio” é um excelente exemplo desse bis, pois funciona como uma expansão do referido universo temático ao mirar, ao mesmo tempo, em interior e exterior, a faixa encarregada de introduzir o ouvinte nessa jornada, “Demoliendo Hoteles”, chega com os dois pés na porta. Ela faz uma investida furiosa contra os fascistas, além de instituir o cantor como uma espécie de líder do movimento rock na América Latina. Antipático a condutas apolíticas, provoca logo nos primeiros versos: “Eu que cresci com Videla / Eu que nasci sem poder / Eu que lutei pela liberdade, mas nunca a pude ter”. O eu lírico vai ganhando fôlego e lança um olhar igualmente apático, ainda que não menos imagético, para as boas maneiras, algo que, nas entrelinhas, pode ser lido como uma herança maldita, a verdadeira ruína da ditadura.
Inclinada à rebelião pessoal, “Cerca de La Revolución” é literal e começa falando de amor para só então, como em um clique, sacudir o ouvinte, enfim desperto dos sonhos idealistas aos quais todos nos agarramos ao longo da vida. As críticas à sociedade moderna, bem como à avalanche de informações que viola o bem-estar não param. São elas que embalam “Total Interferencia”, outra parceria sua com o flaco Spinetta. Nada, entretanto, parece ser tão pungente quanto a delicadeza de “Promesas Sobre El Bidet”, uma balada espiralar e envolta em névoa, em que as súplicas são percorridas entre altos e baixos. O piano, pilotado com paixão, também toca momentos de resignação e o entendimento de que sempre é possível esbarrar em incongruências ao dobrar a esquina. “Há ação no silêncio / O mais lúcido é o mais delirante”, entoa Charly em “Raros Peinados Nuevos.”
Destaques: “Demoliendo Hoteles”, “Promesas Sobre El Bidet”, “Cerca de La Revolución”
Parte de La Religión (1987)
O trabalho mais radiofônico deste período, Parte de La Religión, tardaria três anos para chegar às lojas. Uma vez lançado o LP de 1987, algo estava claro: se a identidade que García desejava projetar se encontrava muito mais alinhada aos princípios da cena underground e à própria liberdade, o público se voltava cada vez mais como um girassol para aquele som — um cenário que, do mesmo modo, não indicava o selar de um pacto com o comercial. Exotérico, o mais potente de seus discos traz canções densas e que fogem de uma vulnerabilidade escancarada. Centrado em uma associação entre o amor e a religião, dois temas por si só populares, não chega a existir uma abordagem recorrente dos temas. Talvez por seu término com a bailarina mineira Marisa Pederneiras, conhecida entre os íntimos como Zoca? Entre outros fatores, foi através dela que o músico estabeleceu um vínculo intenso com o Brasil e a cena rock nacional.
Como se abrisse espaço para um mea culpa dos quase 10 anos de relação, o LP se abre com “Necesito Tu Amor”, música em que reafirma devoção romântica, apesar das incorreções. “Tenho o vício de me deixar levar e a cabeça em Marte / Tenho preconceitos que não posso me desfazer, um corpo que quer te amar / Seu amor me salva e me sustenta”, canta aos berros. Tom semelhante adquire “Adela En El Carrousel”, letra sinestésica que descreve, entre giros, o dissipar de uma paixão. Gravado entre Rio de Janeiro, Buenos Aires e Nova York, seria natural que o projeto trouxesse parceiros de todos os referidos lugares: daqui, foram convocados uma jovem Paula Toller, que adiciona seus vocais ao refrão de “Buscando Un Símbolo de Paz”; e o Paralamas do Sucesso, com quem se diverte na bateria de “Rap de Las Hormigas”.
Da metade para o fim, um êxtase: três de seus maiores hits aparecem em sequência. O primeiro deles, que impõe a onipresença do autor em uma sequência de negativas, é “No Voy En Tren”. Depois, é a vez de “Rezo por Vos”, a mais poética das composições que assina com Luis Alberto Spinetta, e um retrato da perspectiva romântica que ambos tinham no momento, um vislumbre da possibilidade de revisar perdas através da espiritualidade. “Leio revistas na tempestade / Fiz o sacrifício e abracei a cruz ao amanhecer / Curei minhas feridas e me inflama de amor sagrado”, afirmam em um dos trechos. Por fim, quem se destaca é a balada “El Karma de Vivir Al Sur”. Com um nome um tanto anti-imperialista, seu conteúdo soa como despedida premonitória à partida de Zoca, que pouco tempo depois decidiria se mudar para a Alemanha.
Destaques: “Necesito Tu amor”, “No Voy En Tren”, “Rezo Por Vos”
Cómo Conseguir Chicas (1989)
O derradeiro lançamento de Charly García nos anos 1980 funciona como porta de acesso às esquisitices que deram o tom em sua discografia a partir de então. Considerado uma joia rara, Cómo Conseguir Chicas (1989) é mais uma colaboração com o estadunidense Joey Blaney e tem o poder e a atração femininas como eixo central. É por esta razão que a capa traz uma jovem donzela abraçada a um buquê de flores, emulando a delicadeza quase casta das artes plásticas na era renascentista. O fato é que o próprio artista brincou, em numerosos momentos da carreira, e do ponto de vista estético, com as dicotomias do feminino-masculino.
Em harmonia com sua nova banda, reformulada após o fim turbulento da turnê anterior que o levou à prisão, Charly pavimenta uma narrativa entremeada por espasmos e experimentações. Simples e direto, o material toma para si o trunfo de ter um som um pouco menos datado do que seus antecessores, mas peca na irregularidade de seu conjunto, que quebra expectativas logo de cara em “No Toquen”. Nesta composição, Charly se sacrifica para, em seguida, recusar a fama. O desencontro com Zoca volta a ser tema em “Zocacola”, canção bilíngue com Herbert Vianna e que lança luz sobre os sentimentos que, ao parecer, ainda processava. É o mesmo percurso da balada “No Me Verás En El Subte”, que eleva o drama à última potência ao falar daqueles que, com o coração partido, optam por se esconder. Já “Funky”, que anos mais tarde ganharia uma notável interpretação em seu MTV Unplugged, desabrocha provocativa em um duplo sentido. Para equilibrar tantas sensações, mais explícitas do que nunca, “Suicida” nos lembra, entre sonhos, que é “preciso tempo para crescer”.
Destaques: “Zocacola”, “Fanky”, “No Me Verás En El Subte”