A Assertiva Carreira Solo: Porque nos últimos 20 anos ela só cresceu?

A criatividade aliada a técnicas mais fáceis são o combustível dessa geração de novos músicos

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Se desde pequeno os encantados por seguir uma carreira musical tinham antes o sonho de formar uma banda ainda na escola, juntar os amigos e fazer com que ela trouxesse um retorno a longo prazo cruzando ideias de cada um dos membros, pode ser que a partir dos últimos anos vigentes os planos dos artistas em potencial e que ainda estão nas fraldas seja diferente, levando em conta algumas das mudanças que vem acontecido.

Através de uma análise pouco profunda sobre as gerações mais recentes – no alto de seus pouco mais de 20 e se estendendo até os quase 30 anos -, é possível notar que os próprios que cresceram entre os anos 80 e 90 com o alvo musical focado em bandas de grande sucesso, do indie ao mainstream, de Los Hermanos ao Mamonas Assassinas, alimentaram-se dos tais grupos como consolo, reflexão, diversão ou até mesmo incentivador para algo maior. De fato, a relação que a faixa etária tem com esse meio não deve mudar em essência, no entanto, o mercado, o avanço tecnológico e a individualidade já não caminham no mesmo passo de outrora.

As tais alterações podem tanto estar ligadas com o novo modo de vida do Brasileiro contemporâneo, que agora é mais conectado com o que acontece ao redor do globo e da informação infindável, como pode ser um novo modismo sem muito fundamento. De toda forma, se antes era um risco ser um artista solo de pleno sucesso, hoje é um investimento de retorno muito mais rentável se focado em apenas uma pessoa pública. Há de se saber que essa pessoa ainda usufrui de uma banda e equipe, mas esses demais vieram a ser “rebaixados” para parte da equipe técnica, por mais ofensivo que isso possa parecer.

Os exemplos são inúmeros: Duplas sertanejas vem se transformado em Luan Santana, Michel Teló e Gusttavo Lima; Los Hermanos agora é Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante e suas gerações mais novas formadas por versões masculinas de Leo Cavalcanti, Phill Veras e Wado e femininas de Mallu Magalhães e Nana; a música Pop sempre variável e que já foi muito refém das boybands (e parece querer voltar a ser pela tendência ao redor do mundo) vale ser apontada também pelo vasto catálogo de artistas solo que derivaram de outras bandas e hoje se mantém por conta.

O modelo de consumo e de vivência dos últimos 20 anos foi definitivo para que tais caminhos e escolhas viessem a surgir até mesmo neste ramo do entretenimento e da cultura. A difusão da música em si e os passos para que um sujeito qualquer se tornasse alguém de relevância no meio foram encurtados. O surgimento de multiinstrumentistas; a produção, gravação e criação caseira dos próprios sons através de softwares específicos e a facilidade de se chegar até quaisquer referências e técnicas pela própria Web abriu espaço para nomes como SILVA, Mahmundi, Secchin e Cícero rumassem a partir de suas próprias vontades, aliando mais tempo gasto com a criatividade e menos com a parafernalha estrutural de se compor uma música, um EP ou disco.

A progressão tecnológica disso tudo prepara um terreno cada vez mais fértil para os próximos artistas a surgir. Fica a dúvida de se nos próximos anos isso será cada vez mais usual para a classe de músicos ou se as tais vantagens serão vistas como um certo comodismo, despertando talvez um ponto de questionamento interno.

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Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.