A salada sonora da Marrakesh

No novo EP, “Knots”, a banda curitibana experimenta batidas de Trap, Emo e Pop e celebra amadurecimentos pessoais

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Fotos: Divulgação

Em janeiro de 2020, a Marrakesh elegeu o single “To Comprehend” como o cartão de visita da nova temporada sonora do quinteto curitibano. Os synths derretidos, beats ora soturnos, ora dançantes, as vozes distorcidas e um clipe com o flash estourado e sorrisos largos indicaram um caminho embebedado pelas batidas eletrônicas e a energia da música pop. Quase um ano de pandemia — e contando —  depois, a banda formada por Bruno Tubino (vocal e guitarra), Lucas Cavallin (vocal e guitarra), Daniel Tupy (vocal e baixo), Matheus Castella (bateria) e Thomas Berti (vocal, guitarra e synths) consolidou o que haviam pensado do novo sabor da Marrakesh.

No último dia 15 de janeiro, Knots, o novo EP do grupo, chegou às plataformas de streaming pelo selo independente californiano tmwrk records. O registro, que tinha a ambição de ser um disco, é o primeiro de inéditas desde Cold as a Kitchen Floor, lançado em 2018 pela Balaclava Records. Sonoramente, as produções se distanciam pelo ar carregado das guitarras distorcidas, o volume das baterias e a energia Dream Pop do disco de estreia, presente em faixas como “Kxaw” e “Moonhealing”. Em Knots, a ânsia é outra.

Com referências diversas –  de The Weeknd, Justin Bieber a The Strokes Post Malone (evidente em “Trippin’” e “Euthanasia”) –, o quinteto experimentou as batidas do Trap, Emo, Pop, e claro, do Indie Rock, para distribuir em cinco faixas a frequência sonora a qual eles estão conectados agora. “Tivemos que cortar muita coisa que acreditávamos que daria certo. No mínimo, umas 10 músicas, porque estávamos pensando em um álbum, mas aí com a pandemia, virou um EP. Queríamos que todas as músicas conversassem e, para isso, voltamos atrás e mantivemos todas na mesma estética. Foi para um lado mais eletrônico”, explica Thomas Berti (Volobodo), em entrevista ao Monkeybuzz.

“’Knots’ foi um universo dos dois [Lucas e Bruno] que o resto da banda botou fé. Isso foi até um aprendizado de que não precisamos nos impor o tempo inteiro. A Marrakesh é nós cinco, mas não preciso estar presente 100% do tempo. Eles representam o que eu penso, então está tudo certo”, – Thomas

Não escolhida por acaso como o primeiro single do lançamento, “To Comprehend”, para Lucas Cavallin, é a mais simbólica justamente por ter legitimado o processo de criação do novo registro. “Pensamos: ‘que música gostaríamos que fosse lançada agora?” e esse movimento foi muito importante para todo o resto acontecer”. Além do entendimento sonoro para a criação de Knots, a nova dinâmica de produção e o amadurecimento do quinteto – como banda – foram substanciais.

“’Knots’ foi um universo dos dois [Lucas e Bruno] que o resto da banda botou fé. Isso foi até um aprendizado de que não precisamos nos impor o tempo inteiro. A Marrakesh é nós cinco, mas não preciso estar presente 100% do tempo. Eles representam o que eu penso, então está tudo certo” – Thomas

Com o grupo dividido entre São Paulo e Curitiba, cada integrante trabalhou em partes específicas das músicas. “Demorou um pouco para nos adaptarmos a mandar sessões um para o outro, mas depois que engatou, foi bom”, explica Thomas. Segundo os integrantes, grande parte do conceito do EP foi idealizada por Lucas e Bruno — além de Daniel, que, pela primeira vez, empresta os vocais em “Trippin’”. “Foi muito um universo dos dois que o resto da banda botou fé. Acho que isso foi até um aprendizado de que não precisamos nos impor o tempo inteiro. A Marrakesh é nós cinco, mas não preciso estar presente 100% do tempo. Eles representam o que eu penso, então está tudo certo”, pontua Thomas.

A distância – que não era hábito para a banda quando o assunto era criar – também afinou a sintonia que os quase sete anos de estrada juntos poderiam proporcionar. Eles não apenas aprenderam a se lerem em conjunto, como agora entendem como cada um funciona. “O processo de criação é caótico, mas agora é menos”, conta Lucas.

Com menos espaços para ruídos, a banda aperfeiçoou os processos criativos e isso, é claro, reflete diretamente no produto final. “O fato da gente conseguir expressar melhor as nossas ideias – também por entender melhor a produção técnica – faz com que elas virem alguma coisa de fato”, pontua Lucas. Produzido pela própria banda em conjunto com Pedro Soares (masterização) e Vinicius Braganholo (mixagem), Knots mergulha nas diferentes referências (direitas e indiretas) dos cinco integrantes e sobressai como um registro divertido, harmônico e melancólico, além de elucidar os novos rumos – cada vez mais interessantes – da Marrakesh.

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ARTISTA: Marrakesh