Ariel Pink: Do Lo-Fi ao Pop

O som do músico, seja em carreira solo ou com o Haunted Graffiti, nem sempre foi como o que ele nos apresenta hoje em dia

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Se você é uma pessoa antenada, provavelmente deve ter conhecido Ariel Pink entre 2009 e 2010, pouco tempo antes do lançamento do incrível Before Today (2010), época em que a hype do músico começou a aumentar. Mas esse, na verdade, foi o nono álbum dele, que desde 2002 já produziu muita coisa em formato solo ou com sua banda, Haunted Graffiti, além de algumas parcerias que fez durante seus mais de 10 anos de carreira. O ar vintage de sua música começou a dominar a Internet no fim da década passada e, com ele, veio uma série de bandas que faziam um som com olhos (e ouvidos) no passado.

A vibe retrô do trabalho de Pink foi muito bem retratada em Retromania, escrito por Simon Reynolds. O livro fala de um novo movimento que busca no passado referências da música Pop e tira de lá grande parte de sua inspiração. Reynolds fala que isso sempre aconteceu e a música sempre recorreu a ícones de ontem para recriar-se. O escritor cita o trabalho de Ariel Pink como um dos que estão na vanguarda desse resgate – o que contribuiu bastante para o aumento da hype do músico em 2011.

Porém sua carreira nem sempre foi tão cheia de sucessos. No começo, ele era tido com um esquisitão que gostava de coisas antigas e fazia música estranha. Sua carreira sempre foi bem confusa e seus discos nunca seguiam uma cronologia muito definida – exemplo disso é seu terceiro álbum, The Doldrums lançado em 2004, tendo sido gravado em 2000, muito antes da estreia do músico em 2002. Outro exemplo é Lover Boy, originalmente lançado em 2002 e que ganhou uma reedição em 2006, quando o músico trocou de gravadora. Se você fuçar bastante pela Internet, pode achar trabalhos mais antigos, que datam de 1996 e que foram todos gravadas em K7, bem diferentes do que ele anda produzindo hoje em dia.

Assim como a confusão na ordem de lançamento seus discos, dentro deles também existia essa espécie de tumulto. As músicas com uma grande aura Lo-Fi eram todas gravadas, produzidas e tocadas por Ariel e acabavam envoltas por muita poeira sonora, o que, às vezes, dificultava sua assimilação. Seus shows não eram muito diferentes e. como ainda tocava solo, grande parte do que se ouvia era pré-gravado fazendo com que as apresentações se tornem bem desinteressantes.

Somente em 2008, Pink decidiu recrutar um grupo para tocar em seus shows. A presença de uma banda além de melhorar a presença de palco, refletiu diretamente no seu disco Odditties Sodomies Vol. 1, lançado naquele mesmo ano, que recebeu maior atenção na produção e ficou menos sujinho que seus trabalhos anteriores. No ano seguinte, o músico e sua banda assinaram com a 4AD e lançaram um EP, Flashback, que já mostrava uma grande diferença de seus trabalhos anteriores e apontava para o que viria a ser seu maior sucesso, Before Today.

A entrada para uma gravadora desse porte mudou muito a sonoridade do Ariel Pink’s Haunted Graffiti, o que fica bem evidente quando se compara as versões de L’estat, retiradas de Odditties Sodomies Vol. 1 e de Before Today respectivamente.

O disco de 2010 foi realmente incrível. Pink pegou tudo o que vinha fazendo até então e jogou no liquidificador com muito Pop – sonoramente mais limpo e bem mais acessível, Ariel finalmente encontrou um meio de trazer sua música retrô e psicodélica para o grande público. O resultado foi um dos melhores álbuns daquele ano e uma legião de novos fãs. E, resultou também em uma extensa turnê que teve uma breve passagem pelo país no ano passado.

Mature Themes, seu décimo álbum, já está a caminho e sai oficialmente no dia 21 de agosto. Pelas canções que saíram até agora, podemos notar que ele deve seguir a mesma linha de seu disco anterior e já podemos esperar coisa boa.

Ao longo de seus dez anos de carreira, Ariel Pink manteve uma constante melhora em seu trabalho, se superando em cada disco e ganhando maturidade suficiente para saber o que poderia dar certo ou não em suas músicas. Vendo a carreira do músico, percebemos que não é a toa que ele é considerado um dos grandes nomes deste movimento que resgata o Pop vintage.

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ARTISTA: Ariel Pink

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts