Austrália: o Novo Berço da Música Eletrônica?

Estes dez produtores provam que existe muito mais que a Psicodelia no país-continente

Loading

Foi-se a época em que éramos reféns de uma indústria musical. Foi-se o tempo em que os grandes investidores ditavam quem iríamos ouvir, como iríamos ouvir, quando iríamos ouvir. Desde o crescimento da Internet, o surgimento de artistas aumentou exponencialmente, assim como a velocidade a qual o lançamento de faixas acontecem. Dessa forma ficou mais fácil consumir música, ficou mais fácil procurar o que se realmente gosta, ficou mais acessível ter uma personalidade musical.

Hoje, ninguém fica à mercê de nenhuma indústria, de nenhum país. Artistas em todo o globo têm oportunidade – obviamente com suas limitações idiomáticas ainda – de estourar, graças ao advento transmidiático.

O que, entretanto, ninguém pode negar é que a água de alguns lugares parece ter alguma coisa diferente pra ser berço de tantos projetos bacanas. Impossível gostar de música e não se encantar com os incríveis nomes que vem da Austrália como Cut Copy, Empire of the Sun, Pnau e Miami Horror, a terrinha (ou terrona) lá de baixo hoje já é referência, principalmente, no que se refere à música Eletrônica. Estes nomes abaixo são prova disso:

1) Flume

Desculpem-me, mas é impossível começar essa lista com outro nome. Todo mundo já conhece muito bem o artista, dispensa apresentações, basta dizer que hoje é o nome mais forte da Oceania quando o assunto é Chillwave eletrônico. Nascido em Sydney.

2) Hermitude

Com dez anos nas costas, o duo de Blue Mountains consegue misturar bem estruturas bem profundas com batidas no Hip Hop. Apesar das notas quase sempre suaves, Hermitude consegue trazer um “quê” de atitude – desculpem me a jogada com o nome – em uma atmosfera urbanista nas suas faixas.

3) Motez

Motez, sem dúvidas, é um dos meus favoritos. O produtor do sul da Austrália tem como característica principal um Groove marcante no Deep House que produz. Apesar de muitas faixas autorais, chamou muita atenção, inclusive no Beatport, nos incríveis remixes que fez para artistas como Iggy Azalea e Justin Timberlake.

4) Just a Gent

O garoto de apenas 16 anos já tem remix no Soundcloud com 1,5 milhão de visualizações. O produtor, apesar da pouca idade, já está no radar de ninguém menos que Sonny Moore e inclusive saiu na sua lista Skrillex Selects com Kasbo.

5) Flight Facilities

Depois de um novato, dois veteranos. A primeira música autoral que Hugo Gruzman e James Lyell fizeram já estourou. Crave You ficou no 19º lugar na lista Triple J Hottest 100 de 2010. Desde então, foram prêmios para melhor videoclipe com Foreign Language, em 2011, além de viajarem em turnê lotada em festivais consagrados como Coachella, SXSW e Southbound Festivals. São cinco anos de carreira que refletem tanta maturidade musical que até assusta.

6) Panama

Sob os cuidados da incrível Future Classic, a banda Panama já iniciou a carreira mostrando trabalho. Mostrando sutileza, o projeto de Sydney demonstra enorme originalidade em lidar com estruturas e instrumentos orgânicos como poucos conseguem. Panama tem dois trabalhos já divulgados. Apesar do Always, o segundo álbum lançado, ter uma onda Depeche Mode que vale muito a pena, ainda fico com a época It’s Not Over.

7) RÜfÜS

O crescimento é rápido quando o talento é de sobra. A banda nasceu nas férias de 2010 e, desde então, o trabalho veio frenético. Nos anos seguintes, 2011 e 2012, RUfUS lançou EP´s que evocaram bastante essa atmosfera indie eletrÔnica que cativou os maiores DJs para remixes. Já esse ano, o trio veio com Atlas, a álbum de estreia do projeto, altamente aclamado pela crítica.

8) MOVEMENT

Um dos projetos mais interessantes dos últimos tempos. O trio de Sydney faz um Minimal Soul instigante, misterioso, um projeto Eletrônico que não tem nenhum medo de largar o moderno e vir pro orgânico. Rasga guitarras e lembra um Portishead, misturado com Sampha, misturado com James Blake, com JWLS, e com uma porrada de gente que tá na minha prateleira:

9) Knife Party

A Austrália, apesar de bem talentosa, tem suas características próprias no que se diz à música Eletrônica. Muitas dessas produções são para o Chillwave, os pacotes de sintetizadores não alteram tanto, parece que a escola não mudou e todos bebem da mesma fonte. Com Rob Swire é diferente. Não só porque aqui o gênero diferente, mas porque o cara sabe fazer EDM direito, bem longe daquela infecção que virou todo o gênero com a mesmice. O duo agora entra em uma fase diferente com o novo álbum, novos estilos e inclusive uma proposta nova que, agradando ou não aos fãs, está revolucionando a música.

10) Chet Faker

A gente sempre guarda o melhor por último. Natural de Melbourne, Chet Faker é ridiculamente talentoso. Um dos grandes produtores em crescimento exponencial em toda comunidade da música Eletrônica, Nicholas Murphy sabe casar perfeitamente bem sua voz rouca, seu lirismo profundo e suas produções arrastadas e delicadas. Estou falando de um cara que canta e toca ao vivo em suas apresentações. Pra quem gosta de Soul e estruturas envolventementes eletrônicas a la The Weeknd, Sampha, Lil Silva, James Blake, não sabe o que está perdendo.

Loading

Autor:

Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King