Bessa Beach Army e as histórias do bairro

Diretamente do Bessa, em João Pessoa, duo dá roupagem aérea e surreal para histórias de amor não-correspondido à beira-mar

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Fotos: Divulgação

Quando Kaio G. Augusto e Rafael Jordão se conheceram em 2016, nenhum dos dois tinha planos de montar uma banda. “Éramos apenas dois amigos tentando aprender um pouco mais sobre música”, relembra o segundo em entrevista ao Monkeybuzz. “Por causa de influências familiares, comecei bem cedo a tocar bateria (aos 10 anos), mas depois larguei o instrumento para me especializar nas cordas.” Kaio, por sua vez, foi pegar no violão aos 18, “mas, compor mesmo, só aos 24”. Atualmente, eles são o duo por trás da Bessa Beach Army, uma iniciativa que, para além de fazer música, está interessada em contar histórias.

“O nome da banda tem sentidos diferentes para cada um de nós, mas, de modo geral, escolhemos este porque somos ambos apaixonados pelo bairro”, diz Rafael, referindo-se ao bairro do Bessa, em João Pessoa, que, apesar de estar na praia, fica bem longe do centro da cidade. Segundo a dupla, a ideia é bagunçar um pouco com o reconhecimento e o fetiche que o litoral da Costa Leste dos Estados Unidos recebe. “Pra quê Califórnia se nós temos o Bessa?”, brinca. O álbum visual da banda (criado em cima das músicas de seu primeiro EP, Sad Nostalgic Dream), inclusive, trabalha com um paradoxo: ao mesmo tempo em que funciona como uma carta de amor ao Bessa e aos seus cenários paradisíacos pouco celebrados, também narra um episódio frustrado de paixões mal resolvidas.

Sad Nostalgic Dream, na verdade, é uma coletânea muito bem editada das primeiras composições de Rafael e Kaio. A sequência das faixas, por exemplo, cumpre papel fundamental na percepção da obra. Dividido pelo interlúdio “Sunday”, o EP conta com cinco canções curtinhas que vão da mais solar “Sunglasses” até a melancólica “Shutdown” encerrando o registro. “Desde o primeiro momento, já tínhamos em mente que queríamos fazer músicas rápidas. (…) Acho que é um reflexo dessa nova maneira de consumir música via streaming, o que não precisa necessariamente ser algo ruim”, opina Kaio. “Pensar nas músicas como ‘parte de um todo’, no caso de Sad Nostalgic Dream, ajudou a tornar o projeto mais coeso e mais abrangente também. Inclusive, foi a partir dessa linha de raciocínio que surgiu a ideia do álbum visual. O intuito era o de expandir e traduzir essa narrativa implícita no EP em um filme.”

E, no que depender do duo, essa estratégia de narração continua para os próximos projetos: “Estamos expandindo isso nas nossas novas composições. Eu, particularmente, acho que essa é uma ferramenta essencial da música Pop para gerar sensações e se conectar com quem está ouvindo”, explica Kaio, que destaca os trabalhos de Sunset Rollercoaster e Mild High Club dentro do painel de referências a partir do qual surgiu a sonoridade da banda. “Mas ouvimos de tudo um pouco”, completa Rafael, “Indie, Bedroom Pop, Rock, Jazz, Bossa Nova, Disco… E acredito que o nosso EP tenha uma pitada de cada, tentando formar um equilíbrio”.

“O nome da banda tem sentidos diferentes, mas escolhemos este porque somos ambos apaixonados pelo bairro. Pra quê Califórnia se nós temos o Bessa?”

“No começo de tudo, pensávamos em ser uma banda que só existia na internet”, explica Rafael quando questionado a respeito de como a pandemia do COVID-19 está transformando a dinâmica de trabalho da Bessa Beach Army. “Fazer um show ou outro só para se divertir.” Mas, assim que o primeiro EP saiu do forno, a dupla percebeu que a BBA se tratava de algo maior. “Desde então, passamos a lidar com tudo de uma maneira mais profissional. Por hora, continuamos tendo ideias e inventando novas maneiras de colaborar com a banda. Já estamos compondo as músicas do próximo disco, mas não há previsão alguma para sua finalização.” Ainda assim, Rafael adianta que, saindo da quarentena, pretende voltar ao estúdio. “Estamos atrás de um baterista para podermos ensaiar e, finalmente, sair tocando por aí.”

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