“Black Sun”: Nostalgia Deathcabiana

Nova faixa da banda traz elementos bastante clássicos de sua discografia

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Death Cab For Cutie está em um dos momentos mais decisivos de sua carreira. A saída do guitarrista Chris Walla tirou um dos quatro pilares que sustentaram por muito tempo obras extremamente aclamadas pelo público, como Plans e Transatlanticism. Assim, desde que foi anunciado o lançamento do novo disco Kintsugi, muito se pergunta acerca de que rumos a banda iria tomar. Segundo Ben Gibbard, vocalista e guitarrista da banda, a escolha do nome reflete muito no momento em que a banda se encontra, tanto pessoalmente quanto profissionalmente. Retirado do dicionário japonês, o termo que dá nome ao novo trabalho diz respeito a uma técnica de restaurar um objeto com ouro, deixando a mostra sua rachaduras e imperfeições. Este, segundo Gibbard, seria um divisor de águas e um momento ótimo para explorar novas sonoridades.

Entretanto com o lançamento do single Black Sun, vemos que estamos diante de um momento que, ao mesmo tempo que é bastante novo, retoma elementos consagrados da fase em que Walla ainda estava presente. Por isto, resolvemos listar quatro composições do grupo que estão fortemente adentradas no subconsciente dos integrantes de Death Cab For Cutie, mostrando que o passado não é tão facilmente esquecido e que, talvez, possamos esperar que Kintsugi agrade os fãs mais oldschool da banda.

A hipnose de 405

Penetrar no mundo de Death Cab For Cutie é uma tarefa muito simples, afinal em quase todos os registros da banda o papel que o ouvinte tem é de simplesmente de relaxar e ficar tomado pelo universo criado por Gibbard. Black Sun mostra que o grupo de mantém firme nesta habilidade, mesmo com a saída de Walla. Podemos esperar que Kintsugi mantenha a qualidade vista em toda a discografia, permitindo um escapsimo momentâneo de muito existencialismo e chororo.

A ambiguidade de A Movie Script Ending

Parte da genialidade de Death Cab For Cutie advém de suas composições serem uma precisa mistura entre depressão e beleza. Retirado do disco The Photo Album, a música exemplifica muito bem o quão tenue é a linha entre este dois sentimentos e serve como ótimo exemplo do que a banda está retomando em Kintsugi. Com uma guitarra minimalista e bem simples, Black Sun relembra os passos sistemáticos e estrurados do começo dos anos 2000, tal como A Movie Script Ending fez com os corações amargurados que sobraram do movimento emo dos anos 90.

O ar soturno de Lightness

Retirado de Transatlanticism, obra prima da banda, Lightness traz a escuridão esclarecida. Trabalhando sempre com elementos menos etéreos e mais concretos, o quarteto consegue mesmo assim transmitir sentimentos de um ambiente escuro e fúnebre. Em Black Sun, temos guitarras, Rhodes, sintetizadores e linhas de baixo que trazem essa mesma obscuridade, porém em um ambiente completamente novo. É como se Death Cab For Cutie tivesse acesso ao mundo em que nós ouvintes continuamos descobrindo.

A separação de Your New Twin Sized Bed

Quem nunca ouviu Death Cab For Cutie ao ter uma desilusão amorosa não sabe o que é sofrer. A poesia chorosa de Ben Gibbard trouxe aos corações sofredores uma nova dimensões da dor, sendo a banda uma das maiores influenciadoras do Emo. Black Sun traz a mesma carga dramática de separação que esta faixa retirada do disco de 2008, Narrow Stairs. As metáforas e os eufemismos visto aqui são bem sutis, mas quando entendidos em seu contexto maior, a mensagens ficam claras. É possível que Kintsugi faça muitos casais recém-terminados chorarem.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique