Broken Social Scene: O Primo Distante do Arcade Fire

Listamos alguns motivos pelos quais você deve conhecer esse incrível conjunto que com certeza irá te surpreender e enlouquecer

Loading

Carmen Miranda pode ter se intrigado ao perguntar “O Que Que A Bahia Tem?”, mas eu realmente fico mais curioso em investigar o que é que o Canadá tem. Tenho chegado à conclusão de que deve ter alguma fonte de inspiração infinita, pois de lá saem grandes bandas e, em muitos casos, elas são grandes representantes do seu gênero. Se o Rock Progressivo se manifesta pela presença do Rush, o Post-Hardcore é representado por Silverstein e Counterparts e Pop Punk/Emo se revela em bandas como Sum41 e Simple Plan, o Indie Rock também tem seu embaixador canadense: Arcade Fire. Mas não é dessa que vamos falar hoje e sim de seu primo distante que traz alguma novidade de vez em quando, Broken Social Scene.

Oriunda da cidade de Toronto e fundada por Kevin Drew e Brendan Canning, a banda começou a ganhar destaque muito cedo, com os primeiros discos Feel Good Lost, de 2001 e You Forgot It In People ambos lançados pela Arts & Crafts (selo que representa o grupo até hoje). Seus discos mais famosos são os dois últimos, seja pelo fato de eles terem sido lançados quando a banda já tinha uma grande quantidade de fãs, ou por eles conterem a maioria dos singles e vídeos lançados por eles até então. São eles, o álbum auto-intitulado de 2005, e o último lançado, “Forgiveness Rock Record”, de 2010. Os adeptos Broken Social Scene tiveram um pequeno infarto quando em 2011, a banda anunciou que passaria por um hiato indefinido, mas há algumas semanas atrás divulgaram uma faixa nova sem qualquer manifestação sobre se algum registro novo estaria a caminho. De qualquer maneira, a esperança deles se reunirem reacendeu uma chama entre os fãs e resolvemos listar três motivos muitos simples pelos quais você deve escutar a banda, e se você já conhece, relembrar o trabalho desta incrível banda que tem quase 25 anos de carreira.

O Shuffle tá ligado?

Ouvir um disco do Broken Social Scene é uma aventura por si só. Vamos pegar como exemplo o disco mais recente. Caso você nunca tenha escutado a banda, a primeira impressão que a faixa de abertura vai te dar a respeito da banda é que eles são uma banda de Indie Rock Inspirador (alguma coisa bem na linha do que escutamos na faixa No Cars Go de seus conterrâneos do Arcade Fire). Mas ao pular para a segunda faixa, achamos que o botão shuffle do nosso player está ligado, pois a sonoridade muda tão bruscamente já na segunda faixa, que essa parece ser a única explicação plausível. A faixa Chase Scene mostra um lado mais eletrônico do coletivo e a imprevisibilidade segue o disco. Art House Director mostra um lado mais Indie Rock chiclete, Meet Me In The Basement revela uma marcha forte e repetitiva que hipnotiza os ouvintes, Water In Hell representa um lado mais Indie Grunge (e mais tarde Country), parecido com faixas do Cage The Elephant. E por aí vai. Fica desnecessário fazer um guia pelos discos do Broken Social Scene, pois afinal é impossível listar todos os estilos presentes nos discos (acho que nem eles sabem onde o álbum vai parar quando eles o compõem).

Pera, quantos membros tem na banda mesmo?

Uma característica que eles compartilham com seus primos distantes do Arcade Fire é essa característica da big band. A banda lançou o primeiro disco com seis membros (incluindo a sua conterrânea Feist), mas já chegou a se apresentar com até dezenove músicos em cima de um palco. Fica mais claro porque a banda lança álbuns tão ecléticos, seria impossível conciliar todas as influências e preferências de todos os intergrantes em um só estilo e chamar nomeá-lo. Dessa forma a proposta da banda se torna de interesse eterno, sempre teremos algo novo para descobrir nos discos e quase sempre nos surpreenderemos. Além disso, o fato de o conjunto ser grande traz surpresas dentro das faixas. Assim como ficamos curiosos pela próxima faixa do disco, as músicas também tomam rumos imprevisíveis. Aqui vai um exemplo do penúltimo disco, Broken Social Scene: It’s All Gona Break começa como um Indie Rock bem largado e sem grandes pretenções, mas ao chegar à metade de sua duração ela se transforma em uma espécie de coro natalino londrino depressivo do século 19 mudando completamente nossa percepção sobre a música e, finalmente, termina como uma grande e imponente marcha repleta de metais (ponto forte nas composições da banda) e tambores. Realmente, imprevisível e maluco.

Eu não conheço você de algum lugar?

É tanta gente em uma banda só, que não tem como deixar todo mundo em cem por cento do tempo. Sendo assim, grande parte dos membros tem projetos paralelos, que são bem conhecidos até. Como citado acima, a cantora Feist participa de vez em quando nos discos da banda, e sua lealdade perante os companheiros do grupo renderam um cover da faixa Lover’s Spit” em sua apresentação do brasil. Outro projeto conhecido vem dos intergrantes James Shaw e Emily Haines, mais conhecidos pela alcunha de Metric. Sim! O famoso duo de Indie Pop famoso pelos hits Help I’m Alive e Youth Without Youth é, na verdade, 2/19 do Broken Social Scene. Fica claro da onde vem a insipiração para as faixas eletrônicas do coletivo canadense. Por fim, o aspecto Pop Rock da banda gerou o Stars. Esse conjunto possui TODOS os membros envolvidos nos discos do Broken Social Scene e vale a pena ser escutado se voce curte as faixas Major Label Debut e Our Faces Split The Coast In Half*.

Para você não ficar completamente desnorteado, talvez seja bom conhecer a banda pela ordem reversa do disco, ou seja, do mais recente para o mais antigo. Com isso você se supreenderá cada vez mais com o que conjunto tem a oferecer e se juntará à massa de fãs desesperados e que rezam para que um novo disco seja lançado em breve (das quais eu com certeza me incluo). Que assim seja. Amén!

Loading

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique