Coleção de Selos: Matador

Selo mais Indie Rock do América do Norte foi o celeiro do estilo nos anos 90 e assim continua no novo século, porém também abrindo portas para novos estilos

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Seja pelos aspectos políticos, econômicos ou socioculturais, muita coisa estava em acelerado processo de mudança entre os ebulientes anos 80 e 90 e foi bem no olho do furacão que surgia, em 1989, um dos mais representativos (para não dizer caricatos) selos da cultura Indie norte-americana nos anos 90: a Matador Records, é claro.

Idealizada por Chris Lombardi, o selo começou minúsculo em seu apartamento na cidade de Nova Iorque. Chegando à nova década, Chris se juntou a Gerard Cosloy (ex-gerente da Homestead Records, outro importante selo na contracultura dos anos 80) e começaria ali a moldar não só o catálogo de sua empresa, mas também a sonoridade que seria estampada como uma das mais representativa do cenário underground da época: o Indie Rock. Sim, essencialmente, todos os primeiros lançamentos do selo (ou melhor, quase todos feitos durante a década de 90) foram dominados por artistas que se desenvolviam a partir deste estilo em particular.

Não à toa, os dois primeiros nomes de peso no catálogo do selo foram ninguém menos que os promissores Superchunk e Teenage Funclub, sendo seguidos por uma leva de bandas como Pavement, Liz Phair, The Jon Spencer Blues Explosion, Yo La Tengo e Guided By Voices (isso para não me estender demais na listagem). Você não precisa ser nenhum expert no Rock noventista ou mesmo no Indie Rock para saber que esses nomes não só foram imprescindíveis para o desenvolvimento do estilo, como também são até hoje os grandes ícones da Música Underground feita nos anos 90 – juntar um time desses, e mais que isso, descobrir todos eles e oferecer um ambiente sem restrições criativas, são os principais mérito da Matador.

Como dissemos, o selo é irmão da 4AD, mas de certa forma é um irmão adotivo. Deixando mais claro: ao longo destes mais de 20 anos o selo fez algumas parcerias com algumas major labels (grandes gravadoras), como Atlantic e Capitol Records, porém nenhuma delas foi realmente benéfica e duradoura. Já com a Beggars Group (mãe dos selos XL e 4AD) a história foi bem diferente e, desde 2002, a pareceria tem rendido ótimos frutos para ambas – além de render também uma sede para a empresa no Velho Continente.

No novo milênio, mais uma vez, o selo viu muitos dos nomes de seu catálogo atingindo o estrelato e novamente guiando os caminhos que Rock underground (e agora não só que o Indie Rock) tomaria a partir de então. Cat Power, Interpol, Mogwai, Kurt Vile, Stephen Malkmus, Fucked Up, Jay Retard, Harlem e The New Pornographers são somente alguns nomes que compuseram esta estelar lista – e até mesmo o Sonic Youth lançou seu derradeiro álbum sob o selo.

Mesmo que durante a maior parte da sua vida o selo tenha sido categorizado como um “selo de Indie Rock”, ele tem, nos últimos anos, abraçado inúmeras vertentes musicais que se distanciam (e muito) desta. Exemplos disto estão na escalação para seu catálogo: do Synthpop/Darkwave do Cold Cave, o Chamber Pop do God Help the Girl e Belle and Sebastian, o Folk do Shearwater, o eletrônico experimental do Matmos e até mesmo o J-Pop dançante de Pizzicato Five se juntaram aos nomes mais respeitados e roqueiros do selo.

Recentemente muitos dos nossos artistas favoritos também lançaram discos pelo selo: Queens of The Stone Age, Savages, Paul Banks, Perfume Genius, Thurston Moore, Iceage, Lee Ranaldo, Majic Cloudz e Chelasea Light Moving são alguns deles.

Discos Fundamentais

Teenage Fanclub – A Catholic Education

Esse foi o primeiro disco não da carreira do quarteto escocês, mas também o primeiro disco a trazer real buzz ao selo – e a banda, é claro.

Interpol – Turn On The Bright Lights

Este é, sem dúvida alguma, um dos registros mais icônicos do começo do novo século. Absorto em meio ao Post-Punk e Indie Rock, essa obra foi categorizada, junto a nomes como Strokes e Yeah Yeah Yeahs, como uma das responsáveis por “salvar” o Rock. Títulos e salvamentos a parte, o disco emplacou em muitas listas de melhores de 2002 e da década – não à toa foi a melhor fase de Paul Banks e sua turma.

Pavement – Crooked Rain, Crooked Rain

Quase 20 anos após seu lançamento, o segundo álbum do quinteto liderado por Stephen Malkmus chegou não só a ótimas posições na época de seu lançamento, mas também a ser imortalizado em listas de melhores álbuns da década (de 90, no caso) e de toda a vida (segundo a Rolling Stone). Preferido por muitos fãs, é deste álbum um dos singles mais lembrados quando o assunto é Pavement: Cut Your Hair.

Cat Power – You Are Free

Esse é um daqueles álbuns que se fazem importantes por si só, mas também pelo contexto em que foram lançados. Depois de um hiato de quase cinco anos, Chan Marshall lança seu álbum mais acessível e de mais sucesso (até então). Além disso, ele, assim como Turn On The Bright Lights, apresenta a nova sonoridade abraçada pela Matador no começo dos anos 2000.

Queens of The Stone Age – …Like Clockwork

Primeiro disco de Josh Homme e sua turma pela Matador alcançou um resultado surpreendente e já pode ser considerado um dos grandes clássicos lançados em seus pouco mais de 20 anos de vida.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts